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Duas horas com Camilo
Por Ulisses Mota (Professor), em 2018/10/30618 leram | 0 comentários | 184 gostam
Hoje, dia 30 de outubro, os alunos de Literatura Portuguesa do 11ºH tiveram a oportunidade de reviver Camilo Cestelo Branco na sua casa em S. Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão.
À chegada, e apesar da chuva, os alunos, acompanhados pelo professor da referida disciplina, Ulisses Mota, e pela professora bibliotecária, Fernanda Vilarinho, foram calorosamente recebidos pelo anfitrião da casa, o sr Reinaldo que, de imediato, preparou os alunos para a visita, deixando que alguns deles sentissem mais de perto Camilo ao colocarem nas suas cabeças uma das cartolas usadas pelo escritor oitocentista.
E foi num ambiente descontraído, mas sério, que o sr. Reinaldo apaixonadamente começou a falar da vida de Camilo e, em especial, dos anos que passou naquela casa.
Aquela casa respira Camilo e o ar acolhedor com que nos recebeu deu a nítida sensação de que o escritor ainda ali estava e foi só tomar um café para depois regressar ao seu conforto e inspiração.
A visita teve três momentos marcantes para os alunos. O primeiro deu-se na cozinha da casa, junto à lareira, a ouvir atentamente, pela voz do sr. Reinaldo,e com a participação de alguns dos alunos, a fascinante história de Maria Moisés; o segundo momento aconteceu no escritório de Camilo, junto da sua secretária, testemunha silenciosa do engenho artístico de Camilo. Aí, mais uma vez guiados pela paixão do Sr. Reinaldo, os alunos sentiram a força das palavras do génio do escritor que também habilmente sabia “apimentar” a vida com os seus jocosos comentários e notas literárias. Por último, e talvez o mais marcante, a sala de visitas da casa, onde os alunos reviveram sentimentalmente o momento mais dramático da vida de Camilo: o seu suicídio. E a propósito deixam-se aqui algumas das últimas palavras escritas por Camilo ao médico de oftalmologia:

“Ill.mo e Ex.mo Sr.
Sou o cadáver representante de um nome que teve alguma reputação gloriosa n’este país durante 40 anos de trabalho.
Chamo-me Camilo Castelo Branco e estou cego. (…)
Há poucas horas ouvi ler no Comércio do Porto o nome de V. Ex.a. Senti na alma uma extraordinária vibração de esperança.
Poderá V. Ex.a salvar-me?”

Foram, sem dúvida, duas horas bem passadas e que ficarão gravadas para sempre nas memórias destes alunos e certamente despertarão o desejo de ler mais Camilo.

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