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Como é a colheita de mel das abelhas
Por Noemi Moraes (Aluna, 7 ano), em 2016/10/06617 leram | 0 comentários | 137 gostam
Quer saber como funciona esse assunto venha ler então...
O que é?
O mel é uma substância adocicada e viscosa produzida pelas abelhas a partir do néctar de flores ou soluções açucaradas, recolhidos pelas abelhas com a glossa (língua), armazenado na vesícula melífera (papo), digerido pelas enzimas da saliva (invertase, diastase, catalase, alfa-glicosidase, glicose-oxidase, peroxidase, lipase, amilase, fosfatase ácida e inulase), que principalmente transformam a sacarose em monossacarídeos (glicose e frutose) e o amido em maltose.

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Depois que as abelhas recolhem o néctar e retornam à colmeia elas o transferem para o papo de outra abelha, que transfere para outra, que transfere para outra . . . A cada passagem o néctar vai sofrendo mais ações enzimáticas e vai perdendo maior quantidade de água. O néctar então se torna mel, que é depositado em células de cera (alvéolos) no interior da colméia.

Apesar da grande consideração que recebe, o mel é composto 80% de açúcares (31% glicose, 38% frutose, 1 % sacarose e 7 % maltose, 3 % outros açúcares), 17% água e apenas 3% são outros componentes (concentrações ínfimas ou traços de proteínas, vitaminas, minerais, ácidos orgânicos e antioxidantes de origem vegetal), muitos deles removidos do mel com a filtração (o melado de cana e os açúcares mascavo e demerara são mais ricos que o mel em proteínas, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, cobre, ferro, cloro e vitaminas do complexo B e não recebem tamanha consideração).

Sua grande concentração de açúcares o torna 2,5 vezes mais calórico do que os ovos, quase 4 vezes mais calórico do que a carne de frango, e 5,6 vezes mais calórico do que o leite.


A presença de quantidades de água acima de 18% torna o mel sujeito à ação de leveduras fermentadoras e outros microorganismos, como bactérias patogênicas (ex. Clostridium botulinum, causador do botulismo). Por esse motivo, mesmo pessoas favoráveis à utilizam do mel não o recomendam para crianças em idade muito tenra.

A sociedade das abelhas é homeotípica, sendo que cada casta desempenha atividades muito bem definidas. Na colmeia existe apenas uma rainha, única fêmea fértil, sendo esta responsável pela postura de ovos e manutenção da integração entre os demais membros por meio de feromônios; alguns zangões, machos responsáveis por fecundar a rainha; e alguns milhares de operárias, fêmeas inférteis responsáveis por todo o trabalho na colmeia.

 

O sistema de exploração apícola
O ser humano usufrui do mel desde antes do neolítico, porém nos sistemas mais primitivos de exploração as colmeias eram parcial ou completamente destruídas. Por volta de 10 mil anos atrás desenvolveram-se técnicas de exploração racional da colmeia, o que facilitava o manejo e preservava em parte a colônia, garantindo continuidade de sua exploração.

Há uma tendência romântica à identificação da apicultura como uma atividade harmônica e respeitosa, na qual o ser humano mantêm as abelhas, potencializa sua produção e em troca recebe a polinização de suas lavouras e os excedentes da produção das colmeias, na forma principalmente de mel. Essa visão, no entanto, é falsa.

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Embora a apicultura racional não implique na completa destruição da colmeia, como era realizada na coleta de mel silvestre, ela mantém as abelhas em permanente sistema de exploração. O apicultor é gentil com suas abelhas apenas pelo tempo que está se beneficiando de seus produtos, mas não deixa de explorá-las quando convém, e mesmo matá-las quando convém.
Cada casta de abelhas possui suas peculiaridades e o manejo da colmeia implica no conhecimento de sua biologia e na exploração de cada uma dessas características, à serviço do ser humano.

 

Entendamos de que forma cada casta é explorada na apicultura:

Rainha: Devido ao fato de que uma colmeia bem produtiva deve possuir mais de 60 mil abelhas, e as operárias – a maior parte das abelhas que compõem a colméia – possuem longevidade de menos de 45 dias, a rainha deve manter uma taxa constante de oviposição, entre 2 e 3 mil ovos por dia.

Gaiola Butler (também designada como tubo ou "bobby")
Gaiola Butler (também designada como tubo ou “bobby”)

A rainha vive cerca de 5 anos, porém por volta dos 2 anos de idade sua produção de ovos já apresenta decaimento. Para que a colmeia não perca seu potencial produtivo, o apicultor deve eliminar a rainha todos os anos, no máximo a cada dois anos. Esse processo de eliminação da rainha regente se chama “orfanação”. Esta será substituída por uma nova rainha emergida na própria colmeia ou trazida de outra colmeia.

O processo consiste no apicultor abrir a caixa onde cria as abelhas e identificar a presença de “realeiras”, células de cria grandes de onde certamente emergirá uma nova rainha. Em havendo tais células ele localiza a rainha “velha” e a esmaga. Além de esmagar a rainha atual o apicultor pode destruir várias realeiras com larvas em desenvolvimento, para impedir que muitas rainhas emerjam de uma vez.

A todo momento a colmeia produz princesas, larvas de abelha que se desenvolverão em novas rainhas. Na natureza essas princesas emergem e disputam a colmeia com a rainha mãe, sendo que a maioria delas acaba por ser expulsa da colmeia levando consigo um séquito de operárias com a finalidade de fundar novas colmeias, em um processo denominado “enxameação”.

Essa dissidência enfraquece a colônia original, o que em um sistema de exploração racional não pode ocorrer. Ademais, o apicultor não quer que uma rainha nova e saudável, que esteja depositando muitos ovos por dia, perca tempo disputando seu posto com outras rainhas. Assim sendo, o apicultor que já possui uma rainha saudável elimina as larvas-princesas antes de elas emergirem das realeiras.

Há outras ocasiões em que a rainha é eliminada pelo apicultor, como quando este resolve unir dois enxames fracos em um único enxame forte. Nesse caso a tendência é eliminar a rainha mais velha ou mais fraca.

Com relação às rainhas, há ainda uma outra categoria de exploração que envolve a venda de rainhas com alto potencial genético entre apicultores. Nesse caso, o vendedor despacha pelo correio rainhas recém emergidas (ou pupas de rainhas por emergir) com um pequeno séquito de operárias cuidadoras, ficando os animais sujeitos aos extremos de temperatura, falta de água, fome e todo o estresse envolvido no transporte e acondicionamento em caixa fechada.

 

Zangão: Os zangões possuem como única função na colmeia fecundar a rainha virgem. No entanto, após fecundada, uma rainha pode armazenar em sua espermateca todo o esperma que necessitará para permanecer fecunda pelo resto de sua vida. Assim sendo, pelo tempo que não houver a necessidade de substituição da rainha, a presença de zangões será desnecessária.

Em um sistema racional de exploração apícola a presença de grande quantidade de zangões em uma colmeia é visto como problema. Zangões vivem cerca de 80 dias e, sendo duas vezes maiores do que as operárias, consomem muito mais mel do que estas. Zangões também ocupam as operárias que tentam mantê-los afastados da rainha já fecundada, impedindo-as de trabalharem em outras funções. Por serem os zangões as únicas abelhas que podem entrar em várias colmeias diferentes, o apicultor os vê como possíveis vetores de patógenos (ácaros, bactérias e vírus) entre colmeias.

Por todos esses motivos, o apicultor que já possui todas as suas rainhas fecundadas e bem produtivas elimina os zangões, seja na fase adulta, seja na fase larval (as células onde estão se desenvolvendo zangões são maiores do que as células onde se desenvolvem as operárias).

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Em várias criações a presença física de um zangão sequer se faz necessária, pois nesses casos recorre-se à inseminação artificial das abelhas-rainhas. Nesse sistema o zangão com alto potencial genético é pego e decapitado. A decapitação faz com que o zangão ejacule em uma placa. Seu esperma é então recolhido com uma seringa e injetado na espermateca de uma rainha virgem.

 

Operárias: As abelhas operárias são as responsáveis por todo o trabalho da colmeia, chegando a trabalhar mais de 10 horas seguidas por dia. Este trabalho inclui uma gama de atividades, geralmente associadas com a idade da abelha.

De forma geral, as atividades são:
trabalho desempenhado pelas operariasDurante sua vida uma abelha campestre necessitará voar cerca de 800 km para produzir 2,5 ml de mel. Para produzirem um quilo de mel, as abelhas precisam visitar 5 milhões de flores. O propósito de todo este trabalho é criar reservas de mel para a colmeia, pois uma colmeia típica necessita de cerca de 90 kg de mel para se manter em períodos sem florada.

As abelhas não realizam todo esse trabalho com o objetivo de suprir o ser humano com seus produtos. O que muitas pessoas podem considerar excedentes de produção são na verdade reservas que as abelhas mantém para o sustento da colmeia em tempos de escassez. A retirada do mel, ainda que em retribuição o apicultor disponibilize soluções açucaradas para ajudar as abelhas a se manterem em tempos de escassez torna o sistema todo bastante injusto (em países com invernos rigorosos muitos apicultores sequer se preocupam em manter suas colônias durante essa estação, permitindo que elas morram para assim não necessitarem mantê-las).

O ser humano, e isso inclui o apicultor, são percebidos pelas abelhas como inimigos e não aliados. Quando o ser humano mexe em uma colmeia, seja para realizar revisões, seja para extração de mel, as abelhas operárias tentam defendê-la, dando ferroadas. Em uma exploração racional de mel o apicultor estará utilizando trajes de proteção adequados, de modo que as picadas não lhe atingirão, porém, isso não impede que as abelhas piquem seu corpo.


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