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Jornal da Escola C.e. Sesi 344 de Ribeirão Preto
Pesquisa

Utilização de águas desprezadas
Por Miguel Leite (Aluno, 2015/6º B), em 2015/11/17790 leram | 0 comentários | 84 gostam
Tem por objetivo fazer uma revisão sobre as possibilidades de utilização de águas salinizadas ou eutrofizadas propondo alternativas de uso para corpos d’água hoje abandona dos e que poderão servir de base para a produção de alimentos.
O conceito de “águas desprezadas” aqui utilizado refere-se àquelas águas que, por fugirem do enquadramento aos padrões de qualidade necessários para sua utilização, de acordo com a destinação anteriormente prevista, são abandonadas, permanecendo sem uso e sem valor.
Nesta classificação podem-se inserir as águas oriundas de poços salinos, inadequadas para o consumo humano ou de animais, os rejeitos de dessalinizadores por osmose reversa, também com níveis de salinidade incompatíveis com os padrões de abastecimento urbano e as águas abandonadas em reservatórios eutrofizados e ou salinizados pelo uso incorreto ou mal dimensionado.
No semi-árido brasileiro, região que ocupa área de aproximadamente 900 mil km², correspondendo a cerca de 60% da região nordeste, onde a água é escassa e cara, a simples ideia de se “desprezar” um manancial hídrico pode parecer um absurdo impensável. No entanto, este é um fato mais comum do que se pensa: existem,
na região do semi-árido, milhares de pequenos e médios açudes e poços abandonados.

Embora, nesta região, diversas alternativas tenham sido utilizadas para minorar o problema da falta d’água, tais como a construção de açudes e cisternas, para coletar e armazenar águas superficiais e de chuvas e a perfuração de poços, que permitam a utilização de águas subterrâneas, o gerenciamento de recursos hí
dricos, apenas do ponto de vista quantitativo, tem levado a políticas públicas equivocadas, como a construção de açudes, muitas vezes condenados à eutrofização e à salinização por falta de uso, assim como ao abandono de poços, perfurados em locais onde se encontrou água com níveis elevados de salinidade. Assim, é preciso que se entenda o gerenciamento da água também em seu aspecto
qualitativo, onde se planejem formas de tratamento e de manutenção da qualidade da água, aliadas ao seu uso racional.
Com a tecnologia disponível hoje, a água salinizada pode ser tratada, reduzindo-se o teor de sais, por diferentes métodos, dentre os quais se
destaca, pela maior eficiência, o processo de dessalinização por osmose reversa.
  Atualmente, em muitos municípios nordestinos faz-se uso de equipamentos de osmose inversa e suas instalações vêm aumentando com apoio de órgãos governamentais e não governamentais. A dessalinização de água é uma alternativa inovadora e eficaz de conversão de água salgada em água potável de boa qualidade, já consolidada em diversos países do mundo.
Um problema, porém, do uso desta tecnologia é a produção de resíduos, com elevada concentração salina. Para a obtenção de um determinado volume de água dessalinizada, sempre há a produção de outro volume de resíduos salinos, proporção esta que depende da taxa de recuperação de cada equipamento. Infelizmente, não se tem trabalhado, na maioria dos casos, na implantação de sistemas adequados de acondicionamento ou tratamento destes rejeitos, que, se
lançados no ambiente de forma aleatória ameaçam a produtividade agrícola e a conservação dos recursos naturais.
O acondicionamento dos rejeitos em bacia de evaporação para obtenção de sais, bem como para criação de animais aquáticos e para irrigação de plantas halófitas com potencial forrageiro e alimentar, pode se constituir em uma boa opção para conciliar a produção de água de boa qualidade com a produção de alimentos para as populações da zona semi-árida, e, ao mesmo tempo, preservar o equilíbrio ambiental da região.
Um problema que surge na análise de propostas de criação de organismos aquáticos em águas salobras é com a manutenção da água em viveiros, a elevação rápida da salinidade pela evaporação. Uma possibilidade de controle é o cultivo de plantas halófitas em plataformas nas bordas dos viveiros, de forma que a água do cultivo aqüicola sirva de (ferti) irrigação para as plantas e retorneao viveiro, em melhores condições, após uma filtração biológica. Neste sistema,
uma planta que tem sido experimentada e parece apresentar bom potencial de utilização e a erva sal (Atriplex spp), forrageira arbustiva, de ambientes áridos e semi-áridos, que se desenvolve bem em solos com alto teor de sal. Essas plantas, que têm se adaptado muito bem nas regiões áridas e
semi-áridas do Brasil, são utilizadas em algumas regiões do mundo como recurso forrageiro importante na complementação de dietas de ruminantes e podem constituir-se numa importante fonte de nutrientes para ruminantes no semi-árido nordestino, sobretudo quando esta produção estiver atrelada à utilização dos resíduos salinos provenientes de dessalinizadores ou de outras águas salinizadas, de poços ou de açudes.
Este trabalho tem por objetivo fazer uma revisão sobre as possibilidades de utilização de águas salinizadas ou eutrofizadas, propondo alternativas de uso
para corpos d’água hoje abandonados e que poderão servir de base para a produção de alimentos e para a geração de renda para comunidades carentes do semi-árido.
No semi-árido, os usos predominantes da água são o abastecimento humano e animal, com prioridade absoluta, o abastecimento industrial e a irrigação, em
alguns casos e, como usos secundários, a piscicultura, a geração de energia e o lazer. Estima-se que existam no semi-árido brasileiro, cerca de uma centena de milhares de barramentos e esta extensa rede de reservatórios de acumulação, com açudes de pequeno, médio e grande portes, exige um programa intenso e continuado de recuperação e manutenção deste conjunto de infra-estrutura hídrica, de modo a se evitar o uso inadequado ou a perda de funcionalidade, com fortes conseqüências sociais, ambientais e econômicas


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