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Pesquisa

Soluções de 6 países para vencer a falta de água.
Por Carolina Tavares (Aluna, Barão ADM6/B), em 2015/11/08334 leram | 0 comentários | 55 gostam
Com a aproximação do inverno, grande parte do país entra em estado de atenção devido à falta de chuvas.
Com isso, os governos tentam agilizar projetos para evitar um possível desabastecimento nas grandes cidades e áreas rurais.
Em vários países, os períodos de seca já não representam tanto risco. Eles são enfrentados com tecnologia e planos ambiciosos de gestão da água, alguns implementados há décadas.Suas experiências podem servir de inspiração ao Brasil, que desde 2013, quando o Sudeste enfrentou a pior seca já registrada nos últimos 50 anos.

Austrália
O país que viveu entre 1997 e 2009 o mais severo período de seca já registrado, e que entre 2013 e 2014 teve 156 recordes de temperatura, precisou se adaptar para manter o abastecimento de milhões de moradores.
Foram investidos cerca de R$ 6 bilhões em infraestrutura, o que ajudou a combater vazamentos e a economizar água.
Segundo Tony Wong, do Programa de Cooperação em Pesquisa da Austrália, em Melbourne, um dos exemplos para combater o desperdício foi a realização de obras para que as águas residuais que saem das casas sigam para reservatórios próprios.
Depois de tratada, a então "água de reúso" retorna para as moradias, já adaptadas para receber o líquido em uma torneira especial, que poderá ser utilizado na limpeza da casa, lavagem de roupas e outras atividades em que se consiga evitar o emprego de água potável.
Além disso, em várias cidades do país foram construídas usinas de dessalinização, que transformam a água do mar em potável.
É viável para o Brasil?
Dante Ragazzi, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), diz que o Brasil pode utilizar essas tecnologias para melhorar o abastecimento e a adaptação a eventuais secas. Porém, ele afirma que algumas delas só funcionariam plenamente a longo prazo.
Ragazzi diz que o combate a vazamentos já é feito no país, mas que é preciso investir muito mais em infraestrutura para a água de reúso chegar até as casas. “Tecnicamente é possível, mas do ponto de vista financeiro, são precisos estudos aprofundados”, explicou.
Sobre uma possível usina de dessalinização, Dante diz que um projeto como esse é caro e pode gerar impacto ambiental (é preciso saber o que será feito com o sal extraído), apesar da instalação ser possível em cidades litorâneas.

China
Com um risco muito alto de seca no Nordeste e Norte do país, a China criou uma agenda especial para os recursos hídricos, distribuindo ações integradas por todas as camadas de governo.
Foi desenvolvido um sistema de etiquetas para mictórios, vasos sanitários e pias que determina o grau de eficiência hídrica desses produtos. Desta forma, há o incentivo à compra de produtos que usam menos água.
O governo incentivou também a criação de cisternas em várias cidades, desde 1960, é realizada a transferência de água entre rios do Sul para o Norte, com estações de bombeamento em diversas regiões. Elas são acionadas em períodos de seca extrema, o que garante o abastecimento emergencial à população.
É viável para o Brasil?
De acordo com Alceu Guérios, da seção São Paulo da Abes, a transferência entre bacias hidrográficas é uma solução já adotada no Brasil há décadas, já que dá segurança hídrica a regiões carentes. Um dos exemplos é a transferência entre várias bacias para formar o sistema Guarapiranga, que abastece 5,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo, e a transposição do Rio São Francisco, no Nordeste.
Sobre os reservatórios pelo país, Dante Ragazzi afirma que é possível criar mais unidades no Brasil, mas não em grande quantidade como na China. “É preciso que se faça a devida análise dos impactos ambientais”. No caso das etiquetas em equipamentos mais eficientes, Guérios afirma ser uma boa ideia.

Califórnia (EUA)
A Califórnia enfrenta uma das piores secas em décadas, tal fato obrigou o governador Edmund Jerry Brown a decretar racionamento de água em abril deste ano.
Desde então, o estado terá nove meses para economizar 1,8 trilhão de litros de água. A meta é que as cidades e comunidades reduzam seu consumo em 20%. Mas como?
Algumas das iniciativas são: aumento das tarifas de água, multas de US$ 500 por dia a quem for flagrado desperdiçando água potável para lavar calçadas ou lavar carros, remoção de paisagismo que exija aumento de consumo em casas, centros comerciais e campos de golfe, e substituição por grama resistente à seca.
Além disso, para evitar prejuízos no abastecimento, há bombeamento de águas subterrâneas para uso humano e a água reciclada é represada para irrigação e descargas sanitárias.

É viável para o Brasil?
A redução do consumo individual, com medidas como as da Califórnia, é eficiente e viável em todo o país, segundo Alceu Guérios. Ele cita que São Paulo é um dos exemplos onde as ações para conter o consumo individual deram certo, desde que o estado foi afetado brutalmente pela seca.
A respeito da água de reúso, ele afirma que a crise atual intensificou a discussão em torno desse procedimento, ainda não adotado no país. Não há leis próprias para isso, mas o Ministério do Meio Ambiente afirma que há estudos para uma nova legislação. “Pode reduzir significativamente o gasto de água. [Mas] é necessário apenas orientar tecnicamente as práticas, para evitar usos inadequados”, explicou Guérios.
Japão
Desde 1955, não há um ano em que o país não seja atingido por episódios de seca extrema. Por isso, o governo criou o Manual Geral contra a Seca, com medidas preventivas para o fenômeno e ações a serem feitas quando houver estiagem.
O racionamento de água em determinados horários é uma das ações tomadas para reduzir a vazão pelo país, mas essa decisão só ocorre quando não há economia voluntária de água. A conscientização dos japoneses é o grande trunfo do governo, que realiza campanhas massivas com uso de anúncios para diminuir o consumo de água. Desde 1978, todo o dia 15 de cada mês é considerado o “dia de economizar água”.
Houve ainda investimentos para captação de chuva e reaproveitamento da água residual, além de combate a vazamentos para reduzir perdas de água para o consumo. A indústria japonesa, famosa pelos avanços tecnológicos, também fez sua parte e desenvolveu torneiras, chuveiros e vasos sanitários que diminuem o consumo.
Segundo o Japão, a perda de água estimada (por culpa de vazamentos, fraudes e etc.) é de 9%.No Brasil, esse índice é de 39%, de acordo com levantamento do IBNET.
É viável para o Brasil?
O uso de águas residuais e pluviais é viável no Brasil, mas precisa ser objeto de análise financeira, técnica e ambiental, segundo Dante Ragazzi. Para ele, é preciso ter cuidado com o armazenamento caseiro, a fim de evitar que o local se torne um possível criadouro do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.
A redução de perdas precisa ser ampliada no país, de acordo com Alceu Guérios. “Inclui ações de rastreamento das redes, de redução de pressões, de substituição de ramais prediais e de redes por materiais mais resistentes, de controle de tempos de reparos, entre outras. São ações contínuas, que produzem resultados progressivamente”.

Israel
Transformando o deserto em oásis. Esse é o lema de Israel, país que luta contra a seca desde o seu nascimento, há 67 anos. Por causa disso, foi necessária a criação de leis claras para o uso da água, com sistemas de economia e regulação, e muita conscientização a respeito.
Foi preciso ainda o desenvolvimento de tecnologias capazes de extrair água até de geadas, que é revertida para a agricultura.
Segundo o governo, o tratamento e reúso são vitais para o país: 91% do esgoto é coletado e 80% dele é tratado e reutilizado para a agricultura na parte Sul de Israel (totalizando 525 milhões de m³ ao ano).
Outra técnica que abastece a área agrícola é o sistema de irrigação por gotejamento, desenvolvido em Israel e responsável por fornecer água para 30% das lavouras do mundo.
Há ainda um controle rígido de perdas, que evita o desperdício de recursos e perdas de apenas 7%. Em todo o país, há cinco plantas de dessalinização, que utilizam a água do Mar Mediterrâneo. Essas usinas geram mais de 100 milhões de m³ de água ao ano e abastecem 70% do consumo doméstico.
É viável para o Brasil?
Sim, em partes. O reúso e tratamento de esgoto ainda são um problema para o Brasil. No país, apenas 50% dos resíduos domésticos são tratados e o restante é despejado em rios e no oceano. Mas com o tempo, o percentual de tratamento sanitário deve aumentar, “mas é difícil que a solução seja implementada em grande escala e rapidamente”, diz Dante Ragazzi.
Sobre o gotejamento, é necessário que o setor agrícola do Brasil passe por um grande avanço tecnológico. “Nossa agricultura adota técnicas de irrigação que gastam muita água, o que não é compatível com situações de limitação de disponibilidade, como é o caso do Sudeste brasileiro. É necessário modificar essas práticas. Com a crise, isso já foi iniciado em São Paulo, com a discussão de políticas de estímulo aos produtores”, afirma Alceu Guérios.

Cingapura
Na pequena ilha de 718 km², 100% da população é servida por água potável e todo esgoto do país é tratado e reutilizado. O país é considerado um dos polos mais eficientes de reaproveitamento de água.
Tudo isso graças a uma imponente infraestrutura implantada para coleta da água de chuva, usinas de dessalinização, combate a vazamentos, além de campanhas de conscientização.
Em casos de falta de água, o país importa água da Malásia por meio de dutos, uma logística considerada complexa e cara.
Além disso, há um programa local que incentiva a compra de produtos que diminuem o uso de água (etiquetas de eficiência hídrica) e uma campanha com o público que faz as pessoas “amarem” a água.
É viável para o Brasil?
O reúso, a campanha de conscientização e a criação de etiquetas para aparelhos domésticos mais eficientes são viáveis e recomendáveis. A importação de água também, tecnicamente falando, mas a medida teria um custo muito alto e não haveria capacidade suficiente para atender grandes demandas, como a de São Paulo, atualmente.

Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/05/veja-solucoes-de-seis-paises-para-vencer-falta-de-agua-e-o-desperdicio.html


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