2 de abril - Dia Internacional do Livro Infantil | ||
Por Manuela Varejão (Professora), em 2017/03/24 | 781 leram | 0 comentários | 222 gostam | |
Todos os anos,um escritor e um ilustrador são convidados a produzir uma mensagem e um cartaz alusivos à efeméride.Este ano essa responsabilidade coube à Rússia,e conta com um texto de Sergey Makhotin e um cartaz de Mikhail Fedorov. | ||
VAMOS CRESCER COM O LIVRO! Na minha primeira infância, gostava de construir casas com pequenas peças e toda a espécie de brinquedos. Usava muitas vezes um livro ilustrado a fazer de telhado. Nos meus sonhos, entrava na casa, deitava-me na cama feita com uma caixa de fósforos e olhava para cima, para as nuvens ou para as estrelas do céu. A escolha dependia da ilustração que preferia na altura. Por intuição, segui as regras de vida das crianças que procuram criar um ambiente seguro e confortável à sua volta. E o livro infantil ajudou-me muito a atingir este objetivo. Depois cresci, aprendi a ler, e o livro, na minha imaginação, começou a assemelhar-se mais a uma borboleta, ou mesmo a um pássaro, do que ao telhado de uma casa. As páginas do livro pareciam asas que batiam. Era como se o livro, deitado no peitoril, quisesse sair pela janela aberta em direção ao desconhecido. Segurava-o com as mãos e começava a lê-lo, e o livro ia ficando cada vez mais calmo. Então eu próprio voava para outras terras e novos mundos, alargando o espaço da minha imaginação. Que alegria ter na mão um novo livro! De início, nunca sabemos sobre o que é que ele fala. Resistimos à tentação de saltar para a última página. E como o livro cheira bem! É impossível distribuirmos o seu cheiro pelos vários elementos que o compõem: tinta, cola… não, é impossível. Existe um cheiro particular no livro, um cheiro único e excitante. As folhas encontram-se coladas, como se o livro não tivesse ainda acordado. E ele só acorda quando começamos a lê-lo. Continuamos a crescer, e o mundo à nossa volta torna-se mais complicado. Enfrentamos questões a que nem os adultos sabem responder. No entanto, é importante partilhar dúvidas e segredos com alguém. E aí o livro volta a ajudar-nos. Muitos de nós terão um dia pensado: este livro fala sobre mim! E a personagem favorita parece ser igual a nós. Tem problemas semelhantes, e resolve-os com dignidade. E há outra personagem que não é igual a ti, mas tu gostarias de seguir o seu exemplo, de ser tão corajoso e desembaraçado quanto ela. Quando há rapazes e raparigas que dizem “Não gosto de ler!”, isso faz-me rir. Não acredito neles. Comem gelados, jogam jogos e veem filmes interessantes. Dito de outro modo, gostam de se divertir! É que a leitura não serve apenas para desenvolver sentimentos e personalidades, ela é, acima de tudo, um prazer. É sobretudo com essa missão que os autores de livros para a infância escrevem os seus livros. Sergey Makhotin (tradução de Mª Carlos Loureiro a partir da versão inglesa de Yana Shvedova) | ||
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