Sabro
Jornal do Agrupamento de Escolas de Sabrosa
Pesquisa

Viagem No Tempo
Por Isabel Fernandes (Leitora do Jornal), em 2013/04/16449 leram | 0 comentários | 62 gostam
No passado dia 8 de março de 2013 foi realizada uma visita de estudo com os alunos do 12º ano, turmas A,B,C e D do Agrupamento de Escolas Miguel Torga ao Palácio Nacional de Mafra, no âmbito do estudo da obra de José Saramago, Memorial do Convento.
O mais importante monumento do barroco português, mandado construir por D. João V, em consequência de uma promessa que o rei fizera caso a rainha D. Maria Ana de Áustria lhe desse descendência.
O conjunto arquitetónico desenvolve-se simetricamente a partir de um eixo central, a Basílica, o elemento principal de uma longa fachada ladeada por dois torreões. A direção da obra coube a João Frederico Ludovice, ourives alemão, com formação em arquitetura em Itália, que adotou um modelo barroco clássico, inspirado na Roma papal e com alguma influência germânica. As obras iniciaram-se em 1717, ano do lançamento da primeira pedra, e a 22 de Outubro de 1730, dia do 41º aniversário do rei D. João V, procedeu-se à sagração da Basílica.
Após esta breve introdução histórica, os alunos deram entrada na Basílica, onde se encontra a melhor coleção de estátuas italianas existentes em Portugal, do século XVIII. Possui um conjunto de seis órgãos, únicos no mundo e que recentemente foram restaurados. Observaram os carrilhões que contam ao todo com 92 sinos que pesam mais de 200 toneladas e que são considerados os maiores e melhores do mundo mandados fabricar em Antuérpia, por D. João V. Este monumento tornou-se a primeira Escola de Belas Artes do país e possui 4 500 portas e janelas.
Uma vez no interior do Palácio, ao passar por entre toda aquela riqueza e perfeição, os alunos tiveram a oportunidade de observar todas as preciosidades ali expostas bem como as diferentes salas/ quartos.
Para concluir esta visita pelo Convento de Mafra, visitou-se a magnífica biblioteca do século XVIII, de estilo Rocócó, com aproximadamente 38 mil volumes.
Atualmente, a presença de morcegos na biblioteca evitam que as traças destruam as obras, contribuindo, deste modo, para a conservação de todos estes volumes.
Durante o percurso efetuado no Palácio/Convento de Mafra, foram explorados os vários elementos observados em cada paragem, numa perspetiva de interligação e estabelecimento de pontes entre a área das Ciências (geologia, paleontologia) e das Letras e Humanísticas (literatura, história).
As rochas ornamentais que caracterizam o monumento são essencialmente o calcário de Lioz, o mármore e a marga fossilífera. O calcário de Lioz ou pedra lioz, formado acerca de 97 milhões de anos, é um tipo raro de calcário que ocorre em Portugal, na região de Lisboa e seus arredores (norte e noroeste), nomeadamente no concelho de Sintra, sendo aqui extraído nos arredores da vila de Pêro Pinheiro. Os seus depósitos foram formados no período Cenomaniano-Cretácico em um ambiente de mar pouco profundo, de águas quentes e límpidas, propícias à proliferação de organismos de esqueleto carbonatado, construtores de bancos de recifes. A rocha caracteriza-se por ser um calcário bioclástico e calciclástico compacto, de cor bege, embora existam variedades com coloração que vai do cinza-claro ao rosado e ao esbranquiçado. No tempo de D. João V era considerada a “pedra real”, e foi com lioz que se fez o Convento de Mafra.
Uma marga forma-se geralmente em ambientes aquáticos próximos do continente (de onde provém a componente argilosa que a constitui), de águas calmas (pois é formada por sedimentos finos). A marga que podemos observar formando as lajes apresenta uma cor cinzento escuro, o que nos indica que no seu ambiente de formação era de baixa energia (deposição de argilas – cor cinzenta) e havia pouco oxigénio, que levou à acumulação de matéria orgânica (cor negra) que não degradada na ausência deste gás.
Nas lajes de margas fossilíferas que cobrem as campas dos monges franciscanos, rochas estas datadas do cretácico Superior (Cenomaniano Inferior) – 95 milhões de anos (Ma) podemos observar abundantes fósseis de moluscos lamelibrânquios de ornamentação concêntrica e ostreídeos (Exogyra) e de outros bivalves (braquiópodes).
Alguns fósseis apresentam marcas de bioerosão (perfurações realizadas por outros organismos, nomeadamente esponjas Cliona). Desta forma, podemos dizer que estas margas fossilíferas apresentam dois tipos de fósseis - somatofósseis e icnofósseis. Entende-se como somatofósseis os restos ou vestígios do corpo de organismos (por exemplo conchas ou carapaças) que habitaram a Terra no passado e resistiram ao passar dos tempos através dos processos de fossilização. Icnofósseis são marcas de atividade (por exemplo galerias, pistas, pegadas) deixadas por organismos e que ficaram preservadas no registo geológico.
Os mármores, de várias cores, foram utilizados na alvenaria e na estatuaria, proveniente do sul de Portugal e de Itália, respetivamente.
Dado que as rochas referidas são carbonatadas, facilmente meteorizáveis devido à acidificação das águas da chuva e do contínuo pisotear, começa a tornar-se alarmante a alteração das mesmas. Ficou evidente que não existe ainda, neste monumento, estruturas de proteção (tais como painéis de vidro) que permita a preservação destas litologias raras e de singular beleza.
A visita deu-se por concluída às catorze e trinta e a chegada a Sabrosa foi por volta das vinte e trinta.
  Podemos concluir que esta visita de estudo foi oportuna e proveitosa, pois contribuiu efetivamente para o aprofundamento dos conteúdos programáticos das disciplinas de Português e de Geologia. Os objetivos desta visita de estudo foram atingidos. De salientar o excelente comportamento dos alunos bem como a sua interação com a guia durante a visita. O balanço da visita foi considerado bastante positivo.

As Professoras:
Ilda Figueira
Clarisse Casais
Rosa Mendes
Adelaide Guerra

Mais Imagens:

Comentários

Escreva o seu Comentário
 




Top Artigos: Amor de Mãe