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Ensino Superior em Portugal: que futuro? PARTE II
Por Tânia Galeão (Professora), em 2013/05/23220 leram | 0 comentários | 103 gostam
Para além destes dois estudantes, entrevistámos também um terceiro, Presidente do NERIFE (Núcleo de estudantes de relações internacionais da faculdade de economia), David Melo.
1- Como Presidente do NERIFE da Associação Académica de Coimbra, como caracteriza o ensino superior?
David Melo: Actualmente o Ensino Superior português pauta-se pela qualidade e pela exigência, sendo um dos melhores da Europa. É notório um aumento, nos últimos anos, do número de pessoas que acedem ao Ensino Superior, e com isto o aumento da qualificação da formação dos jovens em Portugal. Enquanto membro da Associação de Estudantes mais antiga do país, Associação Académica de Coimbra, penso que o Ensino Superior em Coimbra continua a pautar-se pela sua qualidade, de maneira a corresponder à posição relevante que Coimbra ocupa em relação ao Ensino Superior. Neste momento a Universidade de Coimbra é aquela que alberga mais estudantes estrangeiros e, mesmo com a actual crise que vivemos continua com um índice de entradas por ano normal relativamente a anos anteriores. (…)
2- Considera que o ensino superior está acessível a todos os jovens portugueses, tendo em conta a redução de bolsas, o valor de propinas, e outros encargos que estão associados?
David Melo: Como é de conhecimento público, atravessamos um período de tempo em que o acesso ao Ensino Superior não é totalmente democrático, quero com isto dizer que, certas medidas políticas tomadas pelo actual governo têm vindo a servir de obstáculo, não só aqueles que querem aceder ao Ensino Superior, como aqueles que já estando nele vêem ser-lhes retirado o seu direito a terem uma formação superior, nalguns casos por questões de natureza familiar, não dizendo respeito directamente aos estudantes que abandonam o Ensino Superior, como por exemplo, o caso de alunos bolseiros que vêem ser retiradas as suas bolsas por causa de questões fiscais existentes na sua família. O aumento constante do valor das propinas, como forma de sustento das instituições do Ensino Superior, para colmatar a redução dos apoios financeiros do governo central, causam também um obstáculo aqueles que querem ter uma formação académica. (…)Podemos chamar a este processo, a “elitização” do Ensino Superior (…).
3- Perante a manifesta indignação de muitos estudantes universitários em relação às políticas do governo, o que pensa que a Associação de Estudantes de Coimbra, a mais conceituada do país, pode fazer quanto a este problema, visto que em outros tempos foi mote para uma crise universitária?
David Melo:(…)Apesar das constantes tentativas de chegar ao diálogo com os representantes máximos do governo encarregues com a pasta da Educação e do Ensino Superior, não tem conseguido chegar à fala com estes, uma vez que a postura adoptada por estes responsáveis é de excluírem as associações académicas do diálogo acerca dos problemas enfrentados no dia-a-dia pelos estudantes que estas representam. Este ano lectivo em que nos encontramos foram várias as vezes em que a Associação Académica de Coimbra demonstrou publicamente não estar de acordo com o que se passa no Ensino Superior português fazendo actos de contestação/manifestação junto da sua comunidade estudantil, da reitoria da UC e do próprio Ministério da Educação. É uma luta que a AAC tem vindo a travar de forma inglória, uma vez que não vê serem respeitados os direitos dos seus estudantes, por parte do Ministro da Educação. Mas as preocupações da AAC vão além daqueles que ainda se mantêm no Ensino Superior, uma vez que no passado dia 17 de Abril, dia do Estudante, data histórica por corresponder à crise universitária de 1969, a Associação Académica de Coimbra manifestou-se pelas ruas de Coimbra, a favor daqueles que perderam o direito às bolsas, e cujo número corresponde, quase, ao dobro de estudantes do número apontado pelo Ministério da Educação.(…)
4- Visto estar no terceiro ano de Relações Internacionais, como vê o seu futuro em Portugal?
David Melo: Do meu ponto de vista, o futuro de Portugal é incerto, não só para a classe política, assim como para a sociedade civil. Actualmente vivemos um tempo em que é sugerido, pelos partidos da oposição, um período eleitoral antecipado para eleger um novo governo. Tomando o caso italiano como exemplo, sem um governo de maioria absoluta, continuaríamos instáveis politicamente, socialmente e em termos económicos, uma vez que assinado o acordo com a Troika por causa da dívida pública portuguesa, qualquer governo que se formasse teria que ter em atenção esse acordo, não podendo de forma alguma deixar de responder às exigências que nos são apresentadas do exterior, quer da própria União Europeia, quer pelos parceiros económicos internacionais.(…) Mas penso que nos próximos anos, pelo menos até 2020, teremos alterações drásticas na realidade política europeia, nomeadamente na relação entre os estados (…)
Em suma percebemos assim, que os estudantes universitários da atualidade têm plena consciência da realidade política em que vivem, e da forma como esta afeta o Ensino Superior. Demonstram também, a vontade de mudança e o espírito de luta e união para reivindicar os seus direitos.


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