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A China..., opinião de José Carlos Faria II
Por Tânia Galeão (Professora), em 2013/05/22244 leram | 0 comentários | 112 gostam
De acordo com o tema "Regime político da China", entrevistámos José Carlos Faria, militante da Coligação Democrática Unitária e candidato à Câmara Municipal de Caldas da Rainha, com o objetivo de saber a sua opinião.
P: Como cidadão, de um mundo globalizado, como avalia a abertura da China aos restantes países, no fundo, o que pensa das suas relações internacionais?
R: O partido que se encontra no poder é supostamente comunista. As relações que a China estabelece são relações especialmente económicas. Neste século a China está num claro apogeu, tendo em conta a sua situação económica. Outra questão é saber se nesse desenvolvimento económico é colocado ao serviço dos interesses da esmagadora maioria das populações. (…) Nós poderíamos caraterizar esta situação como uma situação típica do desenvolvimento capitalista, mas embora seja verdade, mais de 60% dos meios de produção da China são detidos pelo Estado por isso há aqui uma situação bastante contraditória.

P: E relativamente à questão de Taiwan?
R: Os EUA mantêm relações com Taiwan e com a China. Penso que seja mais uma afirmação de princípios. É uma questão mais retórica neste momento do que propriamente uma questão política escrita na agenda.

P: Qual a sua opinião relativamente à liberdade, quase inexistente, no que diz respeito à reprodução humana, como por exemplo a política do filho único?
R: Do ponto de vista da questão familiar acho um pouco abusiva essa intromissão. Por outro lado percebendo que são uma quantidade enorme de gente e pensar que assegurar "duas bolinhas de arroz" (caricaturando) por dia, já não seria uma coisa muito generosa mas pronto, e multiplicando isso pelo número de população, é uma quantidade totalmente astronómica de recursos. (...) Há realidades e situações concretas.

P: Acha, então, que estamos perante um verdadeiro desenvolvimento?
R: A questão essencial é: como é que a distribuição ad riqueza é feita. Agora, o que acontece na China neste momento é que existe um conjunto de magnatas que têm fortunas absolutamente colossais.

P: Vários são os líderes que caraterizam o regime chinês como um "socialismo com características chinesas". Concorda?
R:Cada especificidade tem que ver com a cultura de cada povo, e daí que seja um pouco um chavão essa afirmação mas muitas vezes dá para justificar as virtudes e inclusivamente defeitos. Infelizmente é o que nos está a acontecer também, quer dizer as realidades específicas do nosso país estão a ser esmagadas em função do modelo teórico e abstrato que é o suposto modelo europeu.

P: Acha que estamos perante um caso de centralismo democrático?
R: Tenho sérias dúvidas acerca disso. A ideia de centralismo é no fundo uma posição que decorre de uma profunda auscultação das bases. Há uma lógica de centralização, lógica essa que muitas vezes não decorre desse funcionamento amplo e generalizado de tomada de posição. (...) é aí que tenho as minhas maiores dúvidas.

P: No que diz respeito aos direitos humanos, a seu ver quais são os pontos que deveriam ser alterados partindo do pressuposto que estamos no século XXI?
R: Para mim há uma coisa fundamental, sou contra a pena de morte. (...) A liberdade não é abstrata, é uma liberdade que tem a ver com as condições concretas da vida das pessoas e pergunto: quando não há liberdade económica, há liberdade? (...) quando é negado o direito à saúde, não é uma violação dos Direitos Humanos? Mas tomáramos nós que esta fosse uma realidade confinada à China. A construção do socialismo é uma sociedade onde a distribuição de riqueza é processada por critérios de justiça.

P: Em relação ao regime político chinês, como carateriza a forma como aplicam o comunismo?
R: O comunismo é uma realidade utópica, não se chega a essa ideia de comunismo assim do "pé para a mão", seria uma lógica, dentro de um regime socialista a atingir. O Comunismo não está a ser aplicado. Acho que cada caso é um caso mas nunca fui grande entusiasta do caso chinês. Se me pedem a opinião sobre determinada realidade tento dá-la sendo o mais frontal possível, mas sem esquecer as questões positivas e negativas que lhe estão associadas.



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