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DESAFIO 9
Por Biblioteca António Nobre (Administrador do Jornal), em 2014/03/11586 leram | 0 comentários | 181 gostam
DESAFIO: COMPREENSÃO DE TEXTO
Leia atentamente o Texto A, que abaixo se transcreve.
Texto A

Um dia, aproximadamente por esta mesma época, fui de excursionista a Mafra. Tinha nascido na Azinhaga, vivia em Lisboa, e agora, quem sabe se por um cúmplice aceno dos fados, uma piscadela de olhos que então ninguém poderia decifrar, levam-me a conhecer onde, mais de cinquenta anos depois, se decidiria, de maneira definitiva, o meu futuro como escritor. (…) Tenho mesmo a ideia vaga de que nos levou de automóvel um conhecido qualquer de meu pai que, tanto quanto sei, não deixou outro sinal de passagem nas nossas vidas. Dessa breve viagem (não entrámos no convento, apenas visitámos a basílica) não guardo mais viva lembrança que a de uma estátua de S. Bartolomeu colocada, e aí continua, na segunda capela do lado esquerdo de quem entra, a que chamam, creio, em linguagem litúrgica, o lado do Evangelho. Andando eu, pela minha pouca idade, tão falto de informação sobre o mundo das estátuas e sendo a luz que havia na capela tão escassa, o mais provável seria que não me tivesse apercebido de que o
desgraçado Bartolomeu estava esfolado se não fosse a parlenga do guia e a eloquência complacente do seu gesto ao apontar as pregas de pele flácida (ainda que de mármore)que o pobre martirizado sustinha nas suas próprias mãos. Um horror. No Memorial do Convento não se fala de S. Bartolomeu, mas é bem provável que a recordação daquele angustioso instante estivesse à espreita na minha cabeça quando, aí pelo ano de 1980 ou 1981, contemplando uma vez mais a pesada mole do palácio e as torres da basílica, disse
às pessoas que me acompanhavam. «Um dia gostaria de meter isto dentro de um
romance.» Não juro, digo só que é possível.
                        José Saramago, As Pequenas Memórias, Lisboa, 2006

Para responder a cada item (1A. a 7A.), selecione a opção correta, de acordo com o sentido do texto. Escreva, na folha de respostas, o número do item e a alínea que identifica a opção escolhida.

1A. Segundo Saramago, a sua ida a Mafra
(A) aconteceu por acaso do destino.
(B) resultou de uma ação pensada, organizada em forma de excursão.
(C) foi o facto que, de imediato, impulsionou a sua escrita.

2A. Saramago julga que a única recordação que ficou da sua visita a Mafra foi
(A) a da basílica.
(B) a do mártir que sustinha nas mãos a sua própria pele esfolada.
(C) a do convento.

3A. O desejo de incluir o convento de Mafra num romance
(A) provinha dos tempos da primeira vista à basílica.
(B) deveu-se à grandiosidade do monumento.
(C) aconteceu aquando de uma posterior visita àquele espaço religioso.

4A. Com a expressão «quem sabe se» (linha 2), o autor introduz
(A) uma ideia de incerteza.
(B) uma ideia de certeza.
(C) uma apreciação.
5A. Na frase «(…) levam-me a conhecer (…)»; (linha 3), o pronome pessoal desempenha a
função sintática de
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) complemento indireto.

6A. Na frase «(…) a que chamam, creio, em linguagem litúrgica, o lado do Evangelho» o pronome relativo tem como antecedente
(A) «segunda capela».
(B) «lado esquerdo de quem entra».
(C) «a basílica».

7A. O sujeito de «(…) é bem provável (…)» é
(A) «um horror».
(B) «S. Bartolomeu».
(C) «que a recordação daquele angustioso instante estivesse à espreita na minha cabeça».

SOLUÇÕES: 1A. (A) 2A. (B) 3A. (C) 4A. (A) 5A. (B) 6A. (B) 7A. (C)


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