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Por Biblioteca António Nobre (Administrador do Jornal), em 2017/01/09266 leram | 0 comentários | 56 gostam
Eis o texto da Íris Fernandes, vencedora, também ela, na categoria de trabalhos do 10º ano
Um futuro melhor

Um apagão informático dominou a minha cidade e aterrorizou todos os que receberam esta súbita notícia. Não percebi tal preocupação e espanto. Dependemos assim tanto da tecnologia?
Internet, redes sociais, telemóveis, tablets… Tornavam-se inúteis um dia por semana, objectos que são frequentemente usados pelo Homem, como que este dependesse deles.
Admito que no início senti a diferença, pois eu também os usava, mas nunca me tinha apercebido que ocupava a maior parte do meu tempo com este monstro de duas faces a que chamamos “tecnologia”. Então… As nossas próprias criações acabam por ser os nossos próprios inimigos?
Logo que senti esta diferença impertinente, pensei em algo que substituísse o tempo que eu costumava perder todos os dias. Limitei-me a olhar pela janela do meu quarto… Parei no tempo, nunca tivera tempo para o fazer. A praia encontrava-se tão perto da minha casa, uma paisagem deslumbrante e antes eu só vira paisagens a partir do ecrã do meu telemóvel. Uns minutos passaram e eu continuava a olhar e a observar, até que decidi sair de casa, sem destino planeado.
A minha cidade era linda e eu nunca tinha reparado em tal pormenor. As pessoas tinham aproveitado esta tarde de sábado para passar tempo com a família, um valor muito importante que por vezes era esquecido.
A minha tarde foi passada apenas a ver o que me rodeava, algo que nunca tinha feito.
O tempo passou a voar e o sol já se pôs.
Cheguei a casa, radiante. A minha família encontrava-se já na mesa à minha espera para jantar. Sentei-me, impressionada com o que estava a ver. Conversas intermináveis ali se passavam: sobre trabalho, viagens, planos de família… Normalmente a nossa hora de jantar era muito curta e nunca tínhamos a família toda reunida, e, quando estava, uma distração aparecia e estragava o momento familiar, ou porque o telemóvel tocava, ou porque os meus pais tinham de ser rápidos na sua refeição para passarem horas infinitas num computador a fazer tarefas de trabalho, ou por outra coisa qualquer…
Seguidamente, fui para o quarto e deitei-me. Estava um pouco preocupada… O dia seguinte ia ser um dia igual aos outros e o que acontecera hoje só iria repetir-se na semana seguinte. Será que o dia de hoje fez tanto sentido para os outros como fez para mim? Será que o Homem ao criar a tecnologia para desenvolver o mundo e se esqueceu do que realmente é importante? Dos seus valores? Se esqueceu de atribuir um pouco do seu tempo a ele próprio? Perguntas aleatórias que dominavam os meus pensamentos…
Eu sabia, desiludida, que este dia seria esquecido por todos, mas ficará para sempre na minha memória. A tecnologia deixou de ser assim tão importante para mim, e nunca mais controlará a minha vida. Aquilo que pensas que é o teu melhor amigo poderá ser o teu pior inimigo, tudo depende de ti!


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