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ARGUMENTAÇÃO
Por Carlos Frazão (Professor), em 2016/03/01597 leram | 0 comentários | 191 gostam
Dever de opinião / capacidade de argumentação

(O tema é leccionado na disciplina de Filosofia)
A argumentação tem uma história e nela é possível encontrar várias teorias que problematizam esta modalidade de discurso, desde os Sofistas, Platão e Aristóteles até, mais recentemente, Perelman, Michel Meyer e outros. Contudo, o que de momento nos interessa abordar é a especificidade do texto argumentativo.
Argumentar é defender ideias, assumir uma perspetiva, posicionar-se face a um problema. Trata-se de uma atividade comunicativa e discursiva que exige a apresentação de (boas) razões que persuadam, convençam um auditório. Como estamos no domínio da opinião, o que está em causa não é apenas a estrutura dos argumentos, mas também o seu conteúdo. Por outro lado, não podemos falar da verdade das premissas e da conclusão, é a plausibilidade e verosimilhança que definem o discurso argumentativo.
A argumentação organiza-se a partir da existência de um orador, um auditório, um determinado discurso e, acrescente-se, um contexto em particular. O objetivo é conseguir a adesão do auditório ao discurso do orador, que utiliza para esse fim determinados recursos e técnicas que reforçam as opiniões e teses que defende.
Julgo que podemos salientar um núcleo essencial a partir do qual se articulam três questões: primeiro, argumentar pressupõe debater ideias, discutir opiniões, promover a polémica e a controvérsia, indispensáveis ao aprofundamento e emergência de novos problemas; segundo, define-se aqui o direito à palavra, à participação e intervenção crítica dos cidadãos, enquanto expressão do exercício de uma cidadania assumida no processo de desenvolvimento e mudança das sociedades. O direito de argumentar tem uma relação direta com a liberdade intelectual e com as determinantes opcionais de conduta, no plano individual e coletivo; terceiro – síntese dos pontos anteriores -, ter opinião, defender e argumentar uma determinada ideia, procurar a adesão dos interlocutores/auditório, aceitar o diálogo e as diferentes perspetivas em causa, é um dever, um imperativo inscrito na racionalidade ética e política, configurando os contornos de um projeto de existência pessoal e social.




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