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LEONOR ENCONTROU DADOR E VAI FAZER TRANSPLANTE
Por Luisfilipe Maia C.p.n-1393 (Administrador do Jornal), em 2015/05/05621 leram | 0 comentários | 119 gostam
Família de Leonor realizou várias recolhas de sangue no concelho mas o dador surgiu na Alemanha e a menina de Paços de Ferreira vai fazer transplante de medula
Encontrar um dador de medula é difícil mas também não é o fim do processo. A família de Leonor Moreira venceu a primeira batalha. Foram várias as campanhas de recolha de sangue e registo de dadores de medula que ajudaram a organizar no concelho de Paços de Ferreira para encontrar um dador compatível com a filha. Não encontraram cá. A alegria veio da Alemanha. A menina de oito anos parte agora para realizar o transplante que a pode curar de uma doença ainda não totalmente identificada. Os pais preparam-se agora para uma nova batalha, desde os tratamentos de quimioterapia até ao processo de recuperação que lhes vai mudar a vida, pelo menos durante um ano.
Segundo o CEDACE (Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão), actualmente estarão registados como potenciais dadores cerca de 350 mil pessoas. "Aproximadamente 80% de todos os doentes têm, pelo menos, um potencial dador compatível", referem. Uma percentagem que tem vindo a aumentar graças às inúmeras campanhas realizadas a sensibilizar para o registo de novos dadores de medula.
O caso da pequena Leonor Moreira não foi diferente. Mal souberam que a filha poderia precisar de um transplante de medula, Arlete e Fernando Moreira meteram mãos à obriga e ajudaram a dinamizar várias recolhas de sangue no concelho.
Os problemas da menina, de oito anos, começaram em 2014. Umas análises de rotina, devido a uma "alergia" na parte interior da coxa, detectaram um valor invulgar. A médica de família mandou repetir as análises e encaminhou a menina para o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, em Penafiel. "Fez uma série de novas análises, mais específicas, e exames para detectar o problema. No dia dos resultados a médica estava assustada e assustou-me a mim", confessa a mãe. Em Julho, a menina foi encaminhada para a consulta de Hematologia do Centro Hospitalar do Porto. "A indicação que tínhamos é que podia ser um vírus ou a medula estar a funcionar de forma errada. Achei logo que era a segunda hipótese", confessa Arlete.

Começaram então a fazer vários testes para despistar doenças. Também o irmão mais velho foi testado para perceber se tinha o mesmo problema mas nada foi detectado. Continuaram os estudos até Setembro, com consultas regulares, e avançaram para a realização de um mielograma e de uma biópsia à medula, chamando também o irmão para fazer testes de compatibilidade.

O problema de medula estava identificado. Só não havia nome para a doença. "É uma doença rara causada pelo défice do cromossoma n.º 7", referem os pais.

 

"Costuma dizer-me 'eu não vou ser forte, eu já sou forte'"

Estes resultados levaram a menina a ser encaminhada para o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, onde é seguida desde Novembro. Fez um novo mielograma e foi inscrita na lista de transplantes de medula. "A médica disse que havia um possível dador compatível mas não deu muitas esperanças. E nós não podíamos estar parados. Se não a ajudasse a ela poderia ajudar outras pessoas", conta a mãe. A família quis começar logo com organização de recolhas de sangue para que mais pessoas se inscrevessem como dadores de medula. Contactaram o Instituto Português de Sangue e foram encaminhados para o Lions Club de Paços de Ferreira que realiza recolhas quinzenais no concelho.

Fizeram dinamização das recolhas em Ferreira, Penamaior, Sanfins e Eiriz, Frazão e Lamoso. Conseguiram inscrever mais de 450 pessoas. Em Lamoso, a recolha que teve mais afluência, houve muita gente que não conseguiu mesmo inscrever-se por falta de kits, critica o casal. "Se não tivesse aparecido um dador íamos continuar. Mas foram semanas muitos desgastantes", assumem os pais desta menina.

No dia 11 de Março veio a certeza. Havia um dador compatível na Alemanha disposto a realizar o transplante. No último mês, a Leonor tem andado em consultas. "Agora está tudo preparado", refere a mãe.

Leonor vai então avançar para a quimioterapia, para destruir as células malignas e preparar o corpo para receber as células transplantadas, de forma a produzir células sanguíneas saudáveis. Os pais quiseram cortar-lhe o cabelo, mas ela não quis. "Ela quer que lhe caia o cabelo como aos outros meninos. Não está assustada. Costuma dizer-me 'eu não vou ser forte, eu já sou forte' e já só pensa em ficar boa", conta Arlete. Ao lado a menina brinca e sorri, sem parecer preocupada com o que se segue.

"Já ultrapassámos uma batalha, agora espera-nos outra"

Mas os pais confessam que, apesar de contentes, estão assustados com o que ainda está para vir. Serão precisos muitos cuidados quando vier para casa depois do transplante para que não haja recaídas. "Para ter a certeza que correu bem é preciso um ano. Os médicos dizem que os primeiros seis meses serão os mais críticos", explicam. Leonor vai ter que deixar a escola e os colegas por um tempo. A mãe vai ter que deixar de trabalhar para cuidar dela. "Agora é esperar pelo telefonema. É a parte pior", dizem. "Já ultrapassámos uma batalha, agora espera-nos outra", acrescentam.
Aos pais que passam por situações idênticas dizem que é preciso "ter força e coragem e acreditar que é possível".


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