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Sobre aprender a distância
Por Gabriela Machado (Aluna, 3BADMINT), em 2020/04/04686 leram | 0 comentários | 82 gostam
O que precisamos saber sobre este sistema e como ele pode nos influenciar — por Gabriela Machado
A vida de milhões de brasileiros sofreu uma pausa por conta da COVID-19. A quarentena nos obrigou a interromper a rotina de trabalho (por mais que alguns ainda permaneçam, infelizmente), faculdade e, no nosso caso, o ensino médio técnico. Diante dessa interrupção brusca das atividades, é inevitável o medo de prejuízos futuros, provocando a procura desesperada de alternativas para o ensino. Oficialmente, o CEFET/RJ nos informa que “está analisando a situação para que, a partir de um diagnóstico inicial, através de uma política específica, defina uma solução”. Com isso, surge o Ensino a Distância (EAD) como uma solução imediata para que o ensino não seja interrompido. Não é uma modalidade recente, pois, mesmo antes da internet, a humanidade já desfrutava do ensino a distância, quando os materiais eram recebidos por meio de correspondência. Tal ensino era bastante limitado já que não contava com a interação com professores e nem com companheiros de sala. Atualmente, a metodologia se adapta conforme a instituição: alguns possuem um portal próprio, outros utilizam o Google Classroom, mas geralmente contam com vídeos e/ou materiais didáticos.

Com a pandemia, 1,5 bilhão de estudantes ao redor do mundo tiveram suas aulas interrompidas ou o sistema de ensino alterado. Na China, país onde surgiu a COVID-19, 240 milhões de crianças e jovens se adaptaram ao ensino a distância, no qual o governo chinês transmitia as aulas por meio de canais de televisão estatais e disponibilizava em seu site o cronograma de aulas semanalmente. “Parem as aulas, mas não parem de aprender”, diz o lema chinês da pandemia.

Originalmente, o público alvo do EAD era estudantes que precisavam conciliar o estudo com o trabalho, e por isso era necessário a flexibilidade dos horários de estudo, sendo possível assistir às aulas no horário desejado e repetidas vezes. O custo ser menor também é um fator atrativo: não há necessidade de um espaço físico que consome água, luz e energia elétrica. Outro ponto importante é que, em momentos de crise, como nossa situação atual, não há necessidade da atividade presencial, sem colocar em risco a vida de nós alunos e de nossos parentes.

Porém, não podemos esquecer que o CEFET/RJ é uma instituição bastante ampla de ensino presencial, que agrega diversas camadas sociais, e o EAD exige que o aluno possua um dispositivo com acesso à internet e conhecimentos básicos de informática, além de um local confortável para o estudo. Para algumas pessoas isso é possível, para outras, infelizmente, não.

O salário médio mensal dos trabalhadores formais da cidade do Rio de Janeiro atinge 4,1 salários mínimos, e o do estado alcança R$ 1.882 de rendimento domiciliar per capita, o que já não é um dos valores mais altos. Outro ponto importante é que estamos enfrentando uma pandemia: o trabalhador fica parcialmente impedido de prestar serviço, a demanda por alimento/medicamento se torna automaticamente maior mas sem aumentar a sua oferta, trabalhos informais se tornam quase inviáveis em meio a quarentena. O acesso ao que já era difícil foi dificultado ainda mais, e, correndo o risco de passar fome, receber o material de estudo online não se torna uma prioridade. Vale lembrar que a bolsa de auxílio estudantil ainda não nos foi disponibilizada.

Medidas estão sendo tomadas: dia 18 de março, o MEC permitiu o uso de tecnologias digitais para substituição temporária das aulas presenciais pela portaria nº 348. Em 2 de abril, ocorreu a publicação de uma Medida Provisória pelo governo, dispensando as instituições de ensino do mínimo de 200 dias letivos anuais (no ensino básico, não houve alteração na carga horária mínima de 800 horas de aula por ano). Hoje (06/04/20), especificamente para o ensino médio técnico, a portaria nº 373 do MEC foi publicada, autorizando a suspensão das aulas presenciais (alterando o calendário) ou substituição por atividades não presenciais em meios digitais acessíveis a todos, por até sessenta dias, prorrogáveis.

É necessário mais do que apenas uma ânsia em não perder o ano letivo e não se atrasar nas matérias; precisamos pensar no CEFET/RJ como um todo, compreendendo as situações socioeconômicas de seus milhares de alunos em uma resposta unificada para todo o sistema de ensino da instituição. Adaptações que prejudiquem o aprendizado alheio devem ir contra nossos princípios.


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