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Papo Sério
Por Filipe José Colasso (Administrador do Jornal), em 2014/08/05515 leram | 0 comentários | 170 gostam
Na rua e no alto dos postes as fitas em verde e amarelo cambaleavam com o vento; na calçada, as faixas pintadas formavam tapetes imensos, todos em clima de Copa.
E.E.B. DOM FELICIO DA CUNHA CESAR DA CUNHA .
VASCONCELOS – IRANI SC.
Aluno: Leonardo Gazzoni
Professora Orientadora: Maria Inez de Bastiani.
Série: 3ª 03 Ensino Médio Vespertino.


PAPO SÉRIO
Na rua e no alto dos postes as fitas em verde e amarelo cambaleavam com o vento; na calçada, as faixas pintadas formavam tapetes imensos, todos em clima de Copa. Eis então que na rua vinha seu Zé Gentil, contador aposentado carregando suas sacolas de compras entre os solavancos do calçamento mal-acabado e cheio de buracos e encontra, coincidentemente, seu antigo compadre e xará Zé Machado que resolvera sair do apartamento 315 para tomar um ar puro já que o sol havia se esticado.
– Grande compadre Zé Gentil. D’onde vens assim, todo apressado?
–Como vai, compadre Zé Machado? Que dia belo faz hoje, não? Pois então, resolvi dar uma passada no supermercado e reabastecer a geladeira de casa, que com estes últimos jogos da Copa andam um tanto nas penduras. E por falar nisso, o que achas tu, compadre, do fuzuê acerca do Mundial?
– Nem me fale, meu caro. Dinheiro jogado e mil vezes pisado no lixo. Uma abominação para construir estes monumentos de concreto em forma de arenas e desviar, com o tal jeitinho brasileiro, as verbas para os bolsões dos endinheirados. Mas e tu, não concordas?
– Concordar...concordar, não concordo. Caso de que veja bem, compadre Zé Machado: sabes que todo esse montante investido não gira em torno apenas da realização do evento. Os investimentos grandiosos em infraestrutura não vão ir embora com a Copa não! Vão é ficar e servir de garantia para o povo de que o capital foi é investido em melhorias e desenvolvimento para o país.
– Fala sério, compadre Gentil. O senhor considere meu carinho pela sua pessoa, mas pode dar uma ré nesta sua ideia de jerico agora mesmo. Onde é que já se viu: hospitais entulhados até as guampas de gente doente e o governo vem investir em Copa ?! As nossas escolas faltando carteiras, paredes seguras e material didático e todos aplaudem o Brasil?! Sem contar nas cidades em que falta saneamento básico, moradia digna que abrigue tanto indigente por aí e o povo, ó. Contentes com tanto gasto em bobagem de jogos.
– Ô compadre, assim tu ofendes a mim, falando deste jeito. Há de se considerar de que esta enfermidade que o Brasil passa na educação, saúde, moradia, nada tem a ver com a Copa não! Não foi tirado disto para embutir naquilo. E ora tenhas um pouco de bom senso, amigo Zé Machado. Não vês tu também que esse tanto de gente vindo para o Brasil trará benefícios, vai movimentar a economia, gerar renda, etecetera e tal?
– Não sei, não sei. Para mim, isso é lábia de gente acobertada com o governo para disfarçar a verdade. E depois da Copa, compadre Zé, meu xará de alcunha... Como é que vai ficar o Brasil? Convenhamos que, ganhando ou não ganhando esta tão desejada estrela a mais no brasão da seleção, a dívida vai ser a mesma, os impostos vão aumentar mais, a conta da luz, as coisas no mercado...
– Mas veja, querido compadre de longa data e apreço, que o governo sabe bem onde mete o nariz. Há de se ter um plano econômico pós-Copa que assegure a estabilidade econômica e a prosperidade desta. Não pense não, que o país vai ficar na penumbra quando os holofotes do mundo todo desviarem a atenção do Brasil. Tudo o que for movimentado no evento vai ser de benefício comum e será mantido para as próximas gerações; meus filhos, teus netos e quiçá bisnetos hão de usufruir de um país mais desenvolvido, mais bem estruturado e melhor de se viver. Vais ver só, compadre. E eu não sei o que eu digo?
– Isto, eu e tu só vamos ficar sabendo depois, com o tempo. Se vai ser de proveito ou motivo de arrependimento... Aí ninguém de nós sabe até agora. Só sei que, vindo ou não vindo o hexa para as mãos dos brasileiros, antes de tudo é necessário que venha o tão aclamado e necessário desenvolvimento. Enquanto isso a gente espera, não é compadre Zé Gentil?
– É. Nisso eu concordo. E enquanto a gente espera, já que ainda é cedo e eu não tenho pressa, bebe uma caipirinha comigo, compadre Machado?
– Bebo sim, mas só se for acompanhada de uma bela porção de frango frito, compadre.

Leonardo Gazzoni


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