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Pesquisa

Entrevista a Sérgio Hydalgo
Por Sara Félix (Aluna, 7ºD), em 2016/04/28514 leram | 0 comentários | 144 gostam
Sérgio Hydalgo trabalha na galeria ZDB (dirigida por Natxo Checa) e já teve um programa de rádio chmado 'Má Fama'
Como começou a trabalhar no “centro de pesquisa” (se é assim que Natxo Checa prefere) Zé dos Bois?
Durante alguns anos tive um programa de rádio/podcast chamado ‘Má Fama’. Semanalmente entrevistava e gravava sessões musicais com artistas nacionais e internacionais. Animal Collective, Grouper, Loosers, Colleen, Norberto Lobo ou Panda Bear foram alguns dos nomes que passaram pelo programa. As sessões eram gravadas em minha casa ou, frequentemente, na ZDB (sala por onde grande parte dos nomes internacionais vinham tocar). E aos poucos, casualmente, comecei a estabelecer uma relação com os meus futuros colegas. O convite para programar a música na ZDB surgiu dessa proximidade e como consequência do trabalho desenvolvido com a "Má Fama".

E a sua “má reputação”, como surgiu?
O nome Má Fama não se relaciona com a "má fama" aplicada num sentido pessoal. Apesar de ser uma expressão que é comummente usada nesse sentido, a minha ideia ao criar este nome foi brincar com a noção de que existe uma "má música" e uma "boa música". O meu objetivo com o programa, tal como o meu objetivo enquanto programador, é apresentar música pelas suas qualidades intrínsecas atravessando fronteiras em que se cruzam diferentes géneros musicais e diferentes públicos.


Assim que chego a casa ligo o rádio e deixo-me invadir pela magia da música. Também acha que a música é mágica?
Acho que a música tem poderes inimagináveis! A música, que é pela sua natureza imaterial, age sobre nós de formas que a ciência não consegue explicar na totalidade. No livro ’Musicofilia’ Oliver Sacks explora o "lugar" que a música ocupa no cérebro e o poder que ela tem sobre nós: a música é um agente poderoso, tanto ao nível do corpo como a dança e as experiências de transe como num nível mais interno das nossas emoções.

Acha que conseguimos viver com o silêncio?
Acho que sim, que precisamos do silêncio para criarmos espaço dentro de nós para o som.

Faz com que se conheça o desconhecido?
Esse é um dos meus objetivos enquanto programador. Ao programar com o coração, fazer uma boa comunicação e apresentar cada concerto como a máxima dignidade, em noites em que tanto público com artistas ficam satisfeitos, são um meio para poder apresentar nomes menos conhecidos da grande maioria do ‘nosso’ público.

Sente que é da “família” dos músicos por os impulsionar e acompanhar na sua evolução?
Sinto que os concertos, mas sobretudo as residências artísticas que realizei são momentos desafiantes nos quais o contacto é aprofundado e em que há uma troca, de parte a parte, no sentido de apoiar o próprio processo criativo destes músicos. Tenho trabalhado com algumas das pessoas que mais admiro: Grouper, Angel Olsen, Norberto Lobo, entre outros. É um privilégio para mim poder tornar-me cúmplice de tanta gente talentosa!

E a pergunta clássica: E de música, o que se ouve?
Gosto de coisas muito variadas, mas estes são alguns dos discos que mais têm rodado:
Amen Dunes: ‘Love’
Alice Coltrane: ‘Journey in Satchidananda’ e ‘Divine Songs’
Caetano Veloso: ‘Araçá Azul’
Kevin Morby: ‘Singing Saw’
Jenny Hval ‘Apocalypse Girl’



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