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PROFESSOR: UMA COMPOSIÇÃO
Por Luciane Petroli (Professora), em 2014/04/03586 leram | 0 comentários | 134 gostam
Escrito por Rosane Favaretto Lazzarin, professora de Língua Portuguesa no CEJA Concórdia.
PROFESSOR: UMA COMPOSIÇÃO...
“Nós temos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som”, assim diz Lulu Santos em uma de suas belas canções. E quem não o é? Quem diria que ao compor esta música, estaria ele traçando o perfil de milhares, milhões de trabalhadores brasileiros, e por que não seres humanos como um todo? Deter-me-ei, então, em minha profissão. A profissão professor. Aquela que é super constituída de medo e desejo, silêncio e som.
Muitos perguntariam: o professor tem medo de quê? Respondo-lhes, com voz e a experiência desta profissão, tão pouco reconhecida, e por muitos, não lembrada: o professor tem medo da violência verbal, da violência gestual, da intimidação; tem medo de determinadas atitudes; tem medo do vocabulário inadequado; tem medo da vulgaridade; tem medo de expressões faciais maldosas; têm medo de olhares severos, olhares reprovadores; tem medo de ser hostilizado; tem medo de adoecer em decorrência de tudo isso; enfim, tem medo do medo...
Ah! mas o professor tem desejos! Sonha com estes desejos que possam fazê-lo superar o medo! Desejo de um ambiente saudável; desejo da retomada de valores; desejo de mudança de postura; desejo de carinho; desejo de ser visto de verdade; desejo de ser respeitado de verdade; e principalmente, desejo de ser valorizado e não de dissimuladamente, ser tratado como incompetente; desejo de não adoecer; desejo de ser ouvido; desejo de não ser hostilizado; desejo de condições dignas de trabalho; desejos, desejos e desejos... que tem como sinônimo: esperança, esperança e esperança...
E o silêncio? O que faz calar? O silêncio é reflexo do medo... este medo que oprime, que constrange... Silenciamos porque por muitas vezes precisamos; silenciamos porque este silêncio também garante nosso sustento. Silenciamos, porque o silêncio também é gentileza, e por muitas vezes, uma poderosa ferramenta para demonstrar a indignação, ou até mesmo para camuflar esta indignação.
Somos feitos de medo, de desejo e de silêncio... mas, felizmente, somos feitos também de som!! Porém, quem é feito de som, nem sempre é bem visto, ou melhor, quase sempre é visto como incomodativo, estressado, alterado... Quem emite o som, aquele som que pede mudanças, que reivindica dignidade, respeito, normalmente não é bem quisto. Muito bem, que não o seja bem quisto por todos, mas que continue emitindo este som, tão necessário em todas as profissões.
Professor, você que é constituído de medo, desejo, silêncio e som, e que ainda gosta de ser professor, receba o respeito e o carinho desta que vos escreve, que é constituída de todos estes sentimentos, que deixa aflorar mais o som, como podem perceber, e que ainda gosta de ser professora, profissão tão nobre quanto tantas outras, porém esquecida por quem mais gostaríamos que lembrassem: a comunidade escolar. Como diz a canção: “tem certas coisas que eu não sei dizer...”.
Rosane Favaretto Lazzarin
Prof. Língua Portuguesa.


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