A Semente
Jornal do Agrupamento de Escolas Dr Flávio Gonçalv
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SE EU ACREDITAR
Por Paula Costa (Professora), em 2015/03/15486 leram | 0 comentários | 141 gostam
Com este texto, a Bruna foi selecionada para as Olimpíadas da Escrita, na sua faixa etária.
Num belo dia de Primavera, em que o Sol brilhava como nunca, espreitei pela janela. As pessoas atarefadas não paravam um segundo para conversar ou descansar. Disse para mim mesma:
- Um dia igual aos outros para toda a gente…
Olhei para alguém muito especial para mim, a minha cadela, linda, única. Peguei nela ao colo, sentei-me no sofá e perguntei:
- Já reparaste que dia é hoje, Mia?
Os seus olhos encheram-se de alegria, ela abanou a cauda e latiu para mostrar o seu entusiasmo. Eu ri-me e continuei:
- Sim, Mia! É o que estás a pensar… Hoje é um dia especial para nós… É a primeira vez que vais à praia!
Abracei-a com força e ela retribuiu o gesto lambendo-me a cara, felicíssima por haver uma praia em que não era proibida a entrada a animais.
Vesti-me com vontade e ansiedade. Apesar de não ser Verão, vesti biquíni, calções e camisa. Peguei na Mia e coloquei-lhe a trela. Já lhe tinha explicado que era obrigatório o seu uso e que só a podia tirar naquela praia fantástica. Preparei o nosso almoço e lanche (íamos passar lá o dia).
- Mia, vais estranhar andar na areia, mas estás comigo e nada te acontece, eu protejo-te. Vamos para uma zona onde normalmente não há outros cães e divertir-nos-emos imenso!
Quando chegamos à praia prendemos a bicicleta a um poste e apressamo-nos a entrar para não perder nem mais um segundo. Coloquei a Mia na areia e fomos à beira-mar, onde pousei a carteira.
- Então, Mia, gostas?
Ela latiu afirmativamente, enquanto seguia uma gaivota. De repente, parou em frente a um rochedo e rosnou continuamente. Sabia que estava diante de algo que não conhecia. Aproximei-me, vi um piscar de luzes e ouvi “Socorro!” numa voz aguda e assustada. Era uma espécie de animal, achava, mas era roxo com a barriga e a cara cor-de-rosa, orelhas redondas e olhos tristes. Hesitei, o que não é próprio de mim e decidi ajudar o misterioso animal. Quando o salvei, ele abriu a boquinha com receio, mas disse:
- Obrigada… Quem és tu? Não me faças mal, por favor…
- Eu… eu sou a Bruna e tu? Não te preocupes que eu não te faço mal…
- Eu sou a Milu… E esta cadela linda que me está a rosnar?
- É a Mia, a minha cadela. Agora explica-me uma coisa. Donde vens?
- Eu vou-te contar, mas promete-me que fica um segredo entre nós- Depois de eu ter abanado a cabeça afirmativamente, Milu prosseguiu.
- Eu sou uma extraterrestre, venho de um planeta distante que não é conhecido por nenhum ser da tua espécie, chama-se Planeta Borboleta. Vim aqui com a missão de encontrar algo que possa fazer com que haja mais árvores e, consequentemente, mais oxigénio, no meu planeta. Posso levar algumas árvores emprestadas? O nosso planeta tem características muito idênticas ao vosso…
Eu observei Milu com atenção e curiosidade. Respondi:
- Então tu queres oxigénio e, para isso, árvores…- Ri-me e prossegui- Como é que vais transportar árvores de grande porte, gigantes para uma miniatura? Não, tenho uma ideia melhor. Entra na minha carteira e só sais quando eu te chamar. Ouviste bem, Milu?
Milu obedeceu e peguei em Mia, já mais calma. Fomos a uma loja de jardinagem comprar sementes de árvores de todo o tipo, imenso adubo e um regador. Voltamos para a praia.
- Aqui tens, Milu. Escavas buracos e pões uma semente em cada um, voltas a tapá-los, rega-los diariamente e deitas adubo de vez em quando.
- Agradeço-te do fundo do coração, Bruna. Antes de partir, pede-me um desejo.
- Volta… Volta sempre que puderes para minha casa, por favor.
- A sério? Eu prometo que voltarei. Adoro-te…
Deu-me um abraço e um beijo, estalou os dedos e desapareceu. O meu desejo continua a cumprir-se e agora Milu e Mia são melhores amigas para sempre. A criatura de outro mundo visita-nos diariamente. Quando isto aconteceu eu não sabia se era real ou pura imaginação, mas eu acredito que não sonhei. Milu aparece em minha casa e o meu coração palpita, enche-se de alegria e com ela está preenchido.
O meu próximo desejo é conhecer o Planeta Borboleta.

Bruna Valente, 8º C


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