A Semente
Jornal do Agrupamento de Escolas Dr Flávio Gonçalv
Pesquisa

AS PALAVRAS QUE SEMPRE VOS DIREI!
Por Paula Costa (Professora), em 2020/03/2675 leram | 0 comentários | 28 gostam
Diário de um jovem «entediado» em quarentena…
23 de março (segunda-feira) de 2020

Este é o local onde decidi registar, para leituras futuras, tudo o que sinto durante este período conturbado e incerto para todos.
O Presidente da República declarou recentemente o estado de emergência, uma situação completamente nova, que me causou alguma impressão, por nunca ter passado por essa experiência. Fiquei algo alarmado, desde já por causa da palavra “emergência”. Quando a ouço, penso imediatamente em situações de catástrofe, onde todos corremos perigo de vida. E reparo que, enquanto não começar a ser distribuída a cura milagrosa de que todos falam para este vírus, nos encontramos num momento não muito diferente. Só que o problema é outro: em vez de nos vermos obrigados a abandonar a nossa habitação, ou porque esta corre perigo ou porque foi danificada, somos impelidos a permanecer dentro dela, isolados do resto do mundo, cumprindo o dever de confinamento. Não é uma situação normal, com certeza.
Ora, sendo eu uma pessoa que não consegue ficar muito tempo sem fazer nada, tenho realizado várias tentativas de reinvenção do conceito de quarentena. Não me imagino enclausurado todo o dia num quarto, em desespero, esperando por uma oportunidade para sair de isolamento e voltar a viver a vida como deve ser vivida. Felizmente, tenho a sorte de poder realizar algumas atividades ao ar livre, visto que tenho um pequeno jardim em casa. É lá que pratico algum exercício físico (para não dar comigo em louco!), relaxo um pouco e aproveito o sol que se tem feito sentir. Como vivo numa aldeia, tenho a possibilidade de andar um pouco de bicicleta por entre os inúmeros campos que existem, mantendo sempre a distância social exigida, que é relativamente fácil de cumprir nas áreas fora das grandes cidades.
Em várias alturas do dia sou assaltado por diversos sentimentos, como a angústia de não poder ver os meus amigos, pelo menos durante as próximas semanas, embora tenha a certeza de que estas medidas são necessárias; ou a alegria que sinto quando penso em como poderia estar numa situação muito mais grave, sentindo-me muito agradecido por isso.
Entristecem-me as notícias que anunciam o aumento de casos confirmados e de mortes pelo novo vírus.
Assusta-me o facto de que o pior ainda está para vir, como dizem os especialistas na matéria.
Amedrontam-me as imagens dos profissionais de saúde que, exaustos, têm forçosamente de continuar a trabalhar por todos nós.
No entanto, uma réstia de esperança ocupa o meu coração, e penso: “Amanhã é um novo dia”.

Afonso 8º A (Professora Paula Lima)


Comentários

Escreva o seu Comentário
 




Top Artigos: Amor de Mãe