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Jornal do Agrupamento de Escolas Dr Flávio Gonçalv
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QUALQUER COISA COMO UM DIÁRIO
Por Cristina Ferreira (Professora), em 2020/03/2572 leram | 0 comentários | 42 gostam
Mas todos temos de avançar, ao longo do tempo, um dia de cada vez.
Relembrar as memórias antigas,
pensar em novas soluções,
estudar e conseguir ser feliz, na medida do possível,
vivendo cada dia como uma fantástica e nova aventura. :)
Segunda feira, 23 de março de 2020
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Isto é um trabalho de Português.Na verdade, ninguém o devia tratar apenas como tal, visto que fazer um texto assim, com entusiasmo e empenho, resulta em reflexões fantásticas na nossa vida. Compreendemos melhor certas coisas e vemos outras de um ponto de vista diferente, de maneira a podermos encará-las com resiliência. Colocamos também as nossas confusões em problemas menores e, assim, conseguimos resolver alguns dos nossos dilemas rumo a uma melhor qualidade de vida. Escrever um texto como página de diário pode abrir-nos os horizontes e tornar-nos pessoas diferentes; pode ajudar a que nos conheçamos melhor a nós próprios, e aos outros, e permite-nos desenvolver as nossas capacidades a vários níveis.

Hoje não escrevi uma saudação. Ainda não decidi o que escrever nesse local. Já fiz isto mais vezes e, neste momento, estou com um caderno reservado para quando me apetecer escrever ou considerar importante, mas não todos os dias. Quando era pequenina, lembro-me de pensar que escrever um diário era “fixe” :D, e escrevia “Querido diário”, mas acabava sempre por desistir. Depois optei por não escrever saudação, pois na minha opinião, chamar diário a esse tal amigo torna os meus textos infantis (assim como pontos de exclamação na poesia :)). Mais recentemente, optei por denominar esse companheiro com o meu próprio nome, “Querida Joana”, pois as várias “pessoas diferentes” de mim própria, permitiram-me ver aquilo que faço de maneiras diferentes, sendo mais exigente comigo própria do que qualquer outra pessoa. Isso permitiu-me também consolar-me a mim própria nas circunstâncias mais difíceis que tenho de ultrapassar todos os dias, falando, não sozinha, mas com A Joana, compreendendo-me. Escrevo cartas a mim própria, vejo, analiso e respondo. Trato essa amiga como se fosse uma outra “eu” porque, sentindo as minhas emoções, compreendo coisas que são muito difíceis de explicar a outros que não sentem o mesmo. Gosto de escrever sem muitas regras, quando se trata de sentimentos, simplesmente por prazer, tentando colocar a minha alma no papel, em vez de fazer o “geralmente correto”, visto que se trata de opiniões e emoções, não de explicações.

Sobre a situação por que estamos a passar, todos sentimos que é estranho. Nunca antes aconteceu e ainda não expressei totalmente a minha opinião. É verdade que o HOMEM sempre se julgou ENORME, algumas vezes “CAPAZ DE TUDO” e vê-se agora obrigado a enfrentar uma batalha deveras assustadora, provocada por um inimigo que nem sequer se consegue ver a olho nu. Este novo vírus está a provocar uma nova aproximação da humanidade, voltando aos solidários valores de cidadania, respeito e amor, por vezes esquecidos nesta sociedade atual. Estamos fechados em casa por respeito, amor e prevenção. Temos de estar longe dos nossos amigos, familiares e entes queridos para que, todos juntos, consigamos ultrapassar esta pandemia. Para nós, que estamos em casa, a melhor forma de ajudar a combater a contaminação é não fazer nada, de um modo geral, mas não no sentido literal. Não podemos trabalhar, estudar ou viver normalmente e estamos confinados a uma rotina em que a salvação é a criatividade. Não nos podemos deixar enfraquecer pelo medo, tristeza ou ansiedade, mas temos que viver na esperança de que tudo vai correr bem e devemos tentar manter-nos ativos e saudáveis para que estejamos minimamente bem quando tudo voltar ao normal. Tudo isto deve provocar nas pessoas um sentimento de valorização e gratidão por tudo aquilo que antes podíamos ter e agora nos é retirado por força das circunstâncias. Para mim, esses valores já estavam bem alicerçados no meu dia a dia, mas sinto verdadeiramente um vazio na minha vida!
SINTO FALTA DA ESCOLA, aquilo que mais me alegra na vida porque me torna melhor e mais capaz para viver com os outros.
SINTO FALTA DOS MEUS PROFESSORES que são as pessoas que me ensinam, ajudam no desenvolvimento das minhas capacidades, mas também transmitem os valores de que tanto precisamos para viver hoje em dia. São verdadeiramente amigos que todos os dias trabalham para o bem de todos nós.
SINTO FALTA DAS CONVERSAS, TEXTOS E AULAS de Português, do exercício físico logo de manhã ao primeiro tempo com sol e muito frio, das muito espetaculares e fenomenais aulas de Ciências.
SINTO FALTA DOS CONSELHOS DOS PROFESSORES E DOS SERMÕES,sempre para nosso bem.
 SINTO FALTA DOS MEUS AMIGOS E COLEGAS.
SINTO FALTA DAS CONVERSAS CLANDESTINAS durante as aulas e tenho saudades das «trenguices» da minha turma maravilhosa.
SINTO FALTA DAS AULAS DE CANTO, a minha terapia :) e de tocar violoncelo com o professor.
Tenho saudades. Muitas...

Por hoje chega,
Joana (Professora Paula Lima)


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