A Semente
Jornal do Agrupamento de Escolas Dr Flávio Gonçalv
Pesquisa

INTERCULTURALIDADE NA ESCOLA DR. FLÁVIO GONÇALVES
Por Cristina Ferreira (Professora), em 2020/02/1368 leram | 0 comentários | 22 gostam
«Cada um que passa em nossas vidas passa sozinho, pois cada pessoa é única, e nenhuma substitui a outra».

Saint-Exupéry
A escola é um espaço multicultural onde todos precisamos uns dos outros, cada pessoa é única e a diversidade é um fator enriquecedor para o reconhecimento do sentido de pertença à comunidade.
Como já se vai verificando há alguns anos, a Escola Básica Dr.Flávio Gonçalves é um espaço com forte diversidade cultural, onde « todos juntos» partilham novas e diversas formas de aprender.
A professora de Português, Armandina Afonseca, incentivou os seus alunos a procurarem saber como se sentem algumas pessoas recém-chegadas a Portugal e, de uma formal especial, à nossa escola, e lançou-lhes este desafio: ir ao encontro de alguns alunos e encarregados de educação para prestarem o seu testemunho.
Este artigo, resulta da modesta «investigação» dos alunos Jéssica e Jorge, do 7º C que partilham aqui essa experiência.
Numa primeira abordagem, estes jornalistas estiveram na secretaria da escola a «entrevistar» a funcionária administrativa, D. Dores, a quem agradecem a simpática colaboração. Esta informou-os que, no momento, há cerca de 30 alunos, vindos de fora de Portugal: 22 do Brasil, 3 da Venezuela e 5 da Suiça, mas que certamente, no início do ano, mais alunos chegarão, sobretudo do Brasil (o que se verificou após esta reportagem!)
Os repórteres quiseram saber sobre a sua função de os informar, e como é feita a parte das «equivalências». Nas suas palavras «a tarefa é simples, há regras», quem chega traz consigo o certificado da escola de origem «autenticado pelo Consulado» e procede-se às equivalências. Neste momento, mostrou-nos a D. Dores, há processos a decorrer, e muitos...
Em seguida, os pequenos jornalistas quiseram ouvir testemunhos de alguns encarregados de educação, sendo-lhes colocadas questões como: «Que motivos os levou a deixar o país de origem? Como foi a adaptação a Portugal? Que dificuldades sentiram? Como se sentem, neste momento?»
A Jéssica e o Jorge são alunos do sétimo C que vivenciaram, recentemente, esta experiência, pelo que inquiriram os próprios pais. D. Alessandra, mãe da Jéssica, veio de Minas Gerais e chegou a Portugal no dia 19 março de 2018, data que nunca esquecerá. Partilhou que «a adaptação foi muito difícil, porque o clima é diferente e há dificuldades na legalização. No início, senti desânimo, e vontade de voltar. Atualmente, estou adaptada. Viemos à procura de melhor ensino e qualidade de vida e agora já não tenho vontade de regressar». A mãe do Jorge veio de Luanda, já chegou em 2012 e afirmou «tenho saudade da família, do clima, tive dificuldades de adaptação, até da língua, sobretudo no início». Reconheceu que, aqui, encontrou melhores condições de vida e não pensa regressar.
A Eliana é aluna no 9º H e chegou, vinda da Venezuela, em agosto de 2017. D. Yrmelia, mãe de Eliana, falou da situação da sua pátria. «Neste momento, o meu país está a atravessar a pior crise social e económica da sua história e superá-la vai levar alguns anos. São muitos os danos que esta crise está a provocar na minha terra» Quando lhe foi colocada a questão da saudade e se gostaria de voltar, D. Yrmelia, respondeu, prontamente, «Sim! Gostaria de voltar, quando a situação melhorar, se isso acontecer… Tenho saudade da família que ficou, dos amigos, do clima… » Mas aqui «tenho paz, tranquilidade, sossego e liberdade, mas há ainda o problema da língua… não tem sido fácil a adaptação …» e quis deixar estas palavras «Agradeço a Portugal por nos ter aberto as suas portas, sobretudo aos meus filhos».
A comunidade brasileira tem uma presença muito forte na escola: a mãe de Alexia (9º G) veio do Rio de Janeiro em fevereiro de 2019 e a da Beatriz (9ºG) chegou de Goiânia no dia 4 de dezembro do mesmo ano. Também estas partilharam as suas experiências, um autêntico turbilhão de emoções onde se misturam as saudades, a tristeza, a esperança, o alívio de quem encontrou aqui o seu porto de abrigo.
Em suma, este é um fenómeno novo: Portugal tornou-se país de acolhimento, quando, em outros tempos, foi porta de saída para tantos!
A todos, alunos e encarregados de educação, a Escola Flávio Gonçalves vos deseja o melhor.
«Todos diferentes e unidos somos, com certeza, ainda melhores».

Jéssica e Jorge, turma 7º C

(Trabalho realizado sob orientação da professora Armandina Afonseca)


Comentários

Escreva o seu Comentário
 




Top Artigos: Amor de Mãe