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DAR A MÃO
Por Paula Costa (Professora), em 2015/11/03672 leram | 0 comentários | 224 gostam
É sábado de manhã. Estou na rua, assobiando baixinho, carregadinha das compras que a minha mãe me mandou fazer na mercearia da frente.
Olho em volta. Ao contrário dos outros dias, hoje não há multidões à vista. Está tudo a dormir. É normal. Ainda é cedo.
Paro em frente de uma passadeira, esperando, pacientemente, que a luzinha vermelha fique verde. À minha frente, os carros passam a grande velocidade. A típica agitação matinal.
Lentamente, uma velhinha aproxima-se. Arrasta atrás de si um enorme saco que faz de mala e lê, atentamente, uma carta segura entre as mãos. Não abranda o passo e está a poucos metros da estrada. Fico inquieta. Os carros não andam mais devagar. Com apreensão, pergunto-me se ela não acaba de ler a estúpida da carta.
Olho para as pessoas em volta, alheias e desinteressadas ao que pudesse estar a acontecer. Não sei o que fazer. Todos permanecem calados. Mas não aguento mais. Quando a velhinha está mesmo prestes a pôr o pé na estrada, agarro-lhe o braço e puxo-a para trás. Finalmente, ela larga a carta e olha-me perplexa. Depois, observa o camião que acabou de passar. Fita-me de novo, piscando os olhos cem vezes ampliados pelas lentes dos óculos.
Sorrio. Sem aviso, ela desata a chorar nos meus braços, agradecendo-me aos berros por lhe ter salvado a vida.
Coro. Digo que não foi nada. Contudo, a senhora não para de me agradecer, entre lágrimas de felicidade. De repente, a luz vermelha torna-se verde, dando-nos permissão para passar.
Atravessamos a passadeira de mãos dadas. Estou contente.

Cláudia Fernandes , 9º D


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