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SORRISOS
Por Paula Costa (Professora), em 2015/10/20461 leram | 0 comentários | 140 gostam
São 9 horas da manhã. Estou no carro. Como sempre ligo o rádio e fico a olhar para a luzinha laranja, sinal que o carro está a exigir combustível.
Bufo de aborrecimento e observo com melancolia a infindável fila de carros que está à minha frente a desligar o motor. A minha mãe avança um metro e volta a desligar o motor. Diz-me pela milésima vez, que aquilo é culpa minha. Não respondo, ainda estou muito ensonada para falar.
Sem querer, ouço os anúncios que passam na rádio. Um alarme, um relógio de pulso, um gel de duche e muitas outras coisas inúteis.
Reviro os olhos, enervada. Quase que posso morrer de tédio. Estou quase a deixar de prestar atenção quando um anúncio diferente me cativa: “Juntamente com outras rádios, nós fazemos-lhe um desafio. Olhe para a pessoa do carro ao lado e sorria-lhe. Se ela estiver a ouvir isto, certamente irá sorrir de volta”.
Olho para a rádio, confusa. A sério? Viro-me para o lado e reparo que uma senhora de meia-idade, com o cabelo grisalho apanhado num carrapito, me está a sorrir. Devolvo-lhe um meio sorriso, só para não ser mal-educada. Olho para o outro lado e vejo a minha mãe a acenar para o carro do lado. Viro-me para outro automóvel, onde um homem se está a rir para mim. Sem dar por isso um sorriso desenha-se-me nos lábios. A minha mãe avança com o carro mais uns metros, enquanto outros rostos me sorriem. Rio-me sem motivo algum. Não sei o que se passa, mas não paro de sorrir.

Cláudia Fernandes, 9ºD


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