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Jornal do Médio Vale do Paranapanema
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Reis Magos
Por Eleutério Gouveia Sousa (Leitor do Jornal), em 2021/01/03133 leram | 0 comentários | 27 gostam
O maravilhoso perdura na crença dos povos
D. Teodoro de Faria
D. TEODORO DE FARIA
Bispo Emérito
A PEREGRINAÇÃO DE ABRAÃO E A DOS MAGOS
Opinião | 03/01/2021 08:00
A Liturgia da Solenidade dos Magos apresenta a procura de Deus, tanto a de Abraão vindo da sua terra de Ur na Caldeia para a terra de Canaã, como a dos Magos vindos do Oriente para Belém. Para encontrar Deus os homens e mulheres precisam de sinais, de testemunhas, de mediações fortes que não se podem apalpar com as mãos, mas uma procura cheia de confiança, indagação, caminho, diálogo e por fim de um encontro.

O evangelista São Mateus, a quem devemos o magnífico texto do evangelho da Epifania do Senhor, é um hebreu que conhece muito bem os textos do Antigo Testamento. O seu evangelho é constituído por cinco discursos de Jesus para mostrar que Ele continua a tradição do Pentateuco, os primeiros cinco livros da Bíblia. Jesus é o Mestre divino, como é representado pela Igreja bizantina que, já nos braços de sua Mãe, apresenta nas suas mãos a Thorá, portanto a Lei, porque Ele é o Mestre que ilumina as inteligências e os corações. Ele é a Revelação de Deus, Ele comunica Deus, é a sabedoria saída “da boca do Altíssimo” que, segundo São Gregório de Narek, “não é dos dons, mas do Doador que tenho sempre nostalgia”.

Os Magos e a estrela sempre tiveram muita popularidade, apenas 150 anos após o nascimento de Jesus, a sua imagem é reproduzida nos cemitérios cristãos das catacumbas de Roma. Na antiguidade, julgava-se que ao nascer uma pessoa fadada para uma grande missão, aparecia no céu uma nova estrela. São Mateus, e os povos do oriente conheciam a história narrada no livro dos Números capítulo 24, referindo-se ao vidente Balaão que, chamado para amaldiçoar o povo judeu conduzido por Moisés, que tentava passar por uma terra estrangeira, o vidente abençoa este povo profetizando: “Vejo-o, mas não agora; contemplo-o, mas não está próximo; uma estrela sai de Jacob e um cetro flamejante surge do seio de Israel.…Sim, de Jacob nascerá um dominador” (Num.24,17.19).

Os Magos não eram reis, procuram o novo Rei, eram pessoas muito conhecidas na antiguidade, procuradas para interpretar sonhos e prever o futuro. São Mateus e os seus leitores judeus e pagãos esperavam o Messias, além disso, as semanas de anos do livro do profeta Daniel estão a completarem-se, e o profeta Isaías não pede a Jerusalém para depor as vestes de luto, enxugar as lágrimas e a levantar-se para contemplar os seus filhos que retornam do exílio: “Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatará o teu coração, a ti virão as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madián e Éfá. Virão todos os de Sabá; hão-de trazer ouro e incenso e proclamarão as glórias do Senhor” (Is. 60,1-6).

Os Magos representam os homens de todo o mundo que se deixam guiar pelo Rei que a estrela anuncia, mensagem de paz e amor para toda a humanidade. Eles são a imagem da Igreja formada por gentes de todas as cores, raças, tribos, línguas e nações. Então a estrela é uma construção artificial feita com textos do Antigo Testamento? Não, as citações não deram origem ao relato, mas foram acrescentadas a uma relação que já existia. Bons exegetas sublinham a credibilidade histórica de certos pormenores, como a existência de astrólogos, da crueldade sanguinolenta de Herodes além de uma paixão por excelentes monumentos, e das figuras retóricas, ao gosto dos semitas. A festa dos Magos teve origem pagã e africana, nasceu no Egito para celebrar a vitória da luz sobre as trevas.

Santo Agostinho via nos Magos as “primícias dos gentios”, enquanto os pastores são as “primícias dos judeus”; Cristo nossa LUZ veio ao mundo para iluminar todos os Homens.


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