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A sabedoria de S. Jerônimo
Por Eleutério Gouveia Sousa (Leitor do Jornal), em 2020/11/02139 leram | 0 comentários | 31 gostam
A Fé é o caminho da Salvação
SÃO JERÓNIMO, O BIBLIOTECÁRIO DE JERUSALÉM
Opinião | 25/10/2020 08:00
Já passaram 16 séculos da morte do homem que foi um dos estudiosos que maior influência teve na história do cristianismo em relação à Sagrada Escritura.

Foi um dos primeiros estudiosos a traduzir a maior parte dos livros bíblicos, a sua tradução em latim, conhecida por Vulgata, foi divulgada na Igreja ocidental durante mais de mil anos. Desde sempre foi considerado Doutor da Igreja, juntamente com Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Gregório, desde o tempo do Papa Bonifácio VIII, em 1295. O Papa Francisco apresentou-o neste mês de outubro como o homem cujo nome perdura na tradição, como a biblioteca viva da Bíblia. No Seminário diocesano do Funchal estudei latim durante sete anos e recebi a Vulgata em latim como o livro para conhecer as Escrituras sagradas, já havia traduções em português, mas estas não eram feitas sobre os originais bíblicos. São Jerónimo aproximou-se das fontes da Bíblia estudando latim em Roma, grego em Constantinopla, hebraico na Síria e na Terra Santa. Viveu e envelheceu vergado sobre os textos bíblicos, escreveu que, um cristão com uma contínua leitura da Bíblia e prolongada meditação, “torna o seu coração como uma biblioteca de Cristo”.

Nasceu em 347 na cidade de Stridone, na moderna Croácia, que então fazia parte do império romano, passou a adolescência em Roma para estudar literatura latina, a vida fui passada entre gramáticos, reitores e filósofos. Recebeu o batismo quando tinha cerca de vinte anos, em 367 em Roma. Partiu para Treviris, na Alemanha, onde tomou contacto com o movimento monástico, renunciando à carreira secular. Estudou muito o hebraico, num tempo em que não havia livros de texto, nem dicionários, nem gramática hebraica. Confessa que sofreu muito para compreender os textos hebraicos, depois de estudar Cícero e Plínio teve de aprender um novo alfabeto, por vezes desesperava, mas “agora agradeço ao Senhor porque de uma semente amarga de tais estudos recolho frutos saborosos”. Na educação clássica decorar era um elemento fundamental, Jerónimo aconselhava a decorar livros da Sagrada Escritura, dizia que o grande Orígenes “conhecia a Escritura de cor e estudava dia e noite o seu significado”. Jerónimo encontrava-se com os hebreus, não só para estudar hebraico, mas também para conhecer a tradição rabínica da interpretação das Escrituras. Passados 40 anos a estudar e viajar, fixou-se na Terra Santa, para constituir um próprio centro de vida monástica e trabalhar cientificamente a Bíblia. Teve a ajuda de uma romana rica, Paola, para dirigir o mosteiro feminino e, fundou um outro masculino, onde passou os últimos 30 anos da sua vida.

Escolheu Belém porque era um lugar mais sossegado, tranquilo, longe dos centros políticos e económicos. Jerónimo era um grande comunicador, a construção de dois mosteiros e da sua biblioteca pressupõe uma despesa de grandes fundos, a sua correspondência ajuda a compreender os seus benfeitores, além da venda das suas propriedades na Croácia.

Em relação à Terra Santa, ele estimula os cristãos a visitarem a terra de Jesus. Numa sua carta escreve: “Esta terra, quanto mais carece de deleites do mundo, tanto mais tem de bens espirituais”. Para ele, três são os frutos da peregrinação, a piedade, a sabedoria e a virtude. A visão dos lugares santos alimenta a meditação da Escritura, que será acompanhada pela oração e meditação de algumas relíquias, como a pedra do túmulo de Jesus, o lenho da cruz, o presépio de Belém e os túmulos dos santos do Antigo e Novo Testamento. Quanto à sabedoria, é uma forma excelente para compreender melhor os textos bíblicos, ver com os próprios olhos a Judeia, contemplar as ruínas das antigas cidades, desta forma a peregrinação é uma viagem de estudo; quanto à virtude, ajuda ver a florescente vida monástica que ali se encontra com tantos que procuram a Deus, empenhados numa vida santa e a influência gerada nos peregrinos. Hoje, é mui salutar os apoios solidários à comunidade cristã, apesar de um certo desânimo pelos desencontros entre a comunidade árabe palestina e os hebreus. São Jerónimo morreu no ano 419, foi sepultado na gruta de Belém, no século XIII foi transferido para Roma, jaz na Basílica de Santa Maria Maior, junto às relíquias do presépio de Belém.


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