O ARAUTO DO VALE
Jornal do Médio Vale do Paranapanema
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ESTEIRA DE ESPUMA
Por Eleutério Gouveia Sousa (Leitor do Jornal), em 2019/08/04264 leram | 0 comentários | 72 gostam
EMIGRA É DEIXAR SAUDADES...
Esteira de espuma
O navio singrava rumo à América do Sul. A bordo, mais de 3000 passageiros, uma pequena cidade flutuante que se esparramava pelos conveses, corredores, beliches, piscinas, salas de jogos, refeitórios, cinema, etc. À popa, havia mesas de ping-pong onde se aglomeravam alguns passageiros disputando partidas animadíssimas.

A monotonia da viagem era quebrada por alguma onda mais forte que balançava desmedidamente o enorme navio de cerca de 200 metros de comprimento. Na sua esteira, como que abrindo o mar em dois, um rastro de espuma branca estendia-se por entre as águas azul-esverdeadas que se confundiam com os matizes infinitos do fimamento.

A princípio, o rastro prateado, espesso, leitoso, parecia não se desfazer. À medida que se distanciava o barco, refazia-se o mar como que diluindo os pensamentos do Manoel, pensativo e ainda com saudades apertando o peito. Olhando a espuma que, sabia, indicava o rumo da sua ilha, uma lágrima confundia-se na sua memória, incisiva e persistente, não deixando no olvido a família que lá deixara e, em ultima análise, as fortes lembranças de sua meninice!...

O mar era o elo. Ao mesmo tempo que “cortava” seu cordão umbilical, fazia-o homem e a cuidar-se se próprio; e, na rota para o sul, uma cidade flutuante, cheia de vida, o apartava dos seus e se via em um solilóquio que teimava em não desaparecer...


Eleutério Sousa


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